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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Desastre dos ares




Cheguei de volta ao Brasil. Não foi fácil o retorno.

Na ida até que tudo correu relativamente bem. Nem parecia a companhia Iberia...

Quem acompanha o blog lá leu os meus relatos sobre a Iberia em abril de 2010, e a decisão de que aquela seria a última viagem nesta companhia. Já relatei o descaso da companhia com os passageiros e já publiquei foto de parte do avião se soltando, presa com fita adesiva. No entanto, esta viagem de julho já estava comprada (pela Iberia) desde fevereiro, e tive que utilizá-la. Mas foi a última vez.

Como os leitores devem saber, os controladores de vôo da Espanha estão numa espécie de greve não declarada, fazendo corpo mole. Me parece que a única ameaça plausível para controladores em greve é a sua substituição por controladores militares. Esta ameaça pairava no ar e, talvez, tenha sido em função disto que as coisas funcionaram bem durante a ida. No entanto, uns 2 ou 3 dias antes do retorno, vi na TV espanhola a entrevista de um ministro do governo socialista de Zapatero garantindo que não seriam utilizados militares. Acho que foi a senha para o corpo mole voltar com tudo...Incrível como socialistas, via de regra, são contra a população em geral.

Por demora na liberação pelo controle aéreo o vôo de Barcelona para Madri saiu com bastante atraso. As atendentes da Iberia em Barcelona garantiam que estava tudo sob controle, e que as conexões internacionais não seriam perdidas.

Não sei se os leitores conhecem o aeroporto de Madri, mas é imenso. Meu vôo Madri – São Paulo era às 00:10h, e cheguei em Madri às 00:10h...A partir daí foi uma correria insana, com as pessoas se atropelando. Sai do avião, corre pelo terminal, pega elevador, pega trem para viajar ao outro terminal, escada rolante, fila da imigração, mais escada rolante, descobre o portão, corre e, quando cheguei lá o avião para o Brasil já tinha saído. Até aí tudo bem, não é culpa da Iberia. No entanto, a funcionária que lá se encontrava informou que eu deveria fazer todo o caminho de volta para o terminal doméstico, e lá me virar para conseguir algum auxílio. Não havia NENHUM funcionário da Iberia no terminal internacional para atender os passageiros que perderam as conexões internacionais. Eram centenas de pessoas que vinham da própria Espanha (como eu), ou de Alemanha, Itália, etc., que perderam suas conexões para o Brasil, Chile, Argentina, Peru, etc.

Corre-se de volta para o terminal doméstico, e lá há uma grande dificuldade para encontrar alguém da Iberia. Por fim, descobrimos que o atendimento (remarcação/hotel/refeição) ocorria no ÚNICO local da Iberia que estava funcionando naquele horário. A foto publicada acima mostra este único local. 3 pessoas no balcão, para atender centenas de passageiros irritados, frustrados e cansados.

Nos posts abaixo é possível ver imagem de um pedaço da fila como se encontrava às 02:30h e imagem de pessoas que desistiram de esperar e começaram a dormir no próprio aeroporto. Havia crianças, gestantes, idosos, todos tratados com o “padrão” Iberia de qualidade.

Na fila de espera comecei a ouvir um boato de que a remarcação de vôo poderia ser feita no balcão de chek in (havia umas 3 posições de check in atendendo vôos naquele horário). Pedi para guardarem meu lugar na fila e fui verificar a informação. De fato, consegui remarcar para um vôo no outro dia. Questionei sobre o hotel e informaram que somente o escritório poderia tratar disto. Voltei para a fila.

Algum tempo depois começou um boato de que pessoas haviam conseguido hotel no check in. Novamente fui averiguar e garantiram que não, tinha que ser no escritório. Voltei para a fila.

Lá pelas 3 e meia da manhã vi uma funcionária da Iberia conversando com uma família lá perto do início da fila. Fui lá escutar. Logo a família (de europeus) me tratou com grosseria: “ela está falando com a gente, pode se retirar daqui?” Ao que respondi: “mas vocês europeus gostam tanto de camiseta do Che Guevara. Quem sabe começamos coletivizando pelo menos a informação?”. Depois de um breve bate boca, continuei por ali. O que a funcionária dizia era que não precisava documento nenhum para o hotel, bastava apresentar o cartão de embarque para um motorista de ônibus que se encontrava em determinado local, fora do aeroporto. Nem terminei de ouvir, e saí correndo para o tal local. Fui o primeiro a chegar, lá por 3 e 45, não havia ônibus nenhum. Aos poucos outras pessoas foram chegando, e, às 4 horas da manhã, quando o ônibus chegou, já éramos uns 60 aguardando. O “ônibus” era um microônibus com apenas 19 assentos.

Aí ocorreu uma cena de selvageria para conseguir lugar no ônibus (só 19 foram permitidos) e eu estava entre os selvagens que conseguiram entrar...

No dia seguinte, as coisas deram certo, e consegui embarcar. Bom, deram certo até chegar no Brasil, porque aí fui vítima dos problemas que estão ocorrendo com a Gol, de forma que, para resumir, acabei chegando na minha cidade à 1 e meia da manhã, com temperatura de 5 graus e chuva, e o desembarque foi na área remota.

Minha opinião sobre o transporte aéreo mundial, em seu estágio atual, é que se trata de um castelo de cartas, esperando apenas a primeira carta cair para desmoronar como um todo.

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