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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Do Olavo de Carvalho

"Em entrevista publicada pela BBC Brasil no último dia 19, o historiador norte-americano John French, da Duke University, afirmou que, vinte anos depois da queda da URSS, a esquerda no Brasil – e na América Latina em geral – está mais forte do que nunca, graças à criação do Foro de São Paulo, em 1990.

"Quando eles começaram", disse French, "os partidos que se reuniam nesses encontros a cada dois anos estavam todos em crise e se perguntando qual seria o futuro da esquerda".

Duas décadas depois, "muitos desses mesmos partidos estão no poder em seus países", observa French, ao citar os exemplos da Frente Ampla (do Uruguai), da FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, de El Salvador) e da FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional, da Nicarágua), todos integrantes do Foro de São Paulo. E French conclui: "O fato de que eles conseguiram chegar ao poder na última década é realmente impressionante".


Impressionante, digo eu, é a resistência obstinada que a elite brasileira em geral opôs, durante duas décadas, a reconhecer que isso estivesse acontecendo. Mais impressionante ainda é que, depois de tudo, continue louvando e badalando os palpiteiros cegos que então a induziram em erro, e afetando desprezo olímpico a quem a informou e explicou tudo com antecedência mais do que suficiente.

O sr. Merval Pereira, cujo único feito jornalístico admirável foi repetir, diluídos, os meus artigos de dez anos antes, ganhou uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. O sr. Pedro Bial, que ao me entrevistar, em 1996, só faltou rir ante a minha assertiva de que a esquerda estava crescendo, até hoje não reconheceu que desconfiou da pessoa errada.

Os liberais quase todos, que só queriam falar de economia e não ligavam a mínima para o Foro de São Paulo, continuam arrotando doutrina como se ter sido atirados à lata de lixo da História pelo curso dos acontecimentos fosse um título de glória, uma prova de superioridade, não um atestado de incompetência colossal.

Um deles, cujo nome não citarei por ser ex-aluno meu e pelo qual guardo um resto de condescendência paterna, insiste na conversa anestésica da massacrada e desmoralizada geração liberal anterior, assegurando, contra todas as estatísticas, que a participação das Farc no comércio de entorpecentes é mínima, que portanto a liberação das drogas – a menina-dos-olhos da ideologia libertarian – não trará vantagem nenhuma à esquerda latino-americana.

Os militares, já habituados a apanhar sem dar um pio, celebram a substituição de Nelson Jobim por Celso Amorim no Ministério da Defesa como se essa mudança não trouxesse consigo, em troca da simples remoção de um ministro mal-educado, a promessa da total submissão das nossas Forças Armadas aos objetivos estratégicos do Foro de São Paulo."

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