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domingo, 26 de setembro de 2010

Realidade

No exato instante em que nossos candidatos debatiam na TV propostas que jamais sairão do papel, a realidade da vida aqui fora seguia seu curso, cruel, e eu era assaltado.

Fui com minha esposa levar minha avó de 80 anos em casa. Em frente ao prédio desci do carro com minha avó e tranquei, deixando minha esposa dentro. Estava caminhando com ela até o portão do prédio (a passos lentos) quando um negro passou por nós, e uns 15 metros na nossa frente vinha outro negro. Estavam bem vestidos. Rapidamente o que havia passado por nós gritou: "Ei, pode me dizer as horas?" Eu virei para dizer que estava sem relógio e já encontrei o revólver na miha cara.

Perguntaram: "você é o dono daquele carro ali?", enquanto apressadamente me revistavam para ver se eu estava armado. Começaram a nos empurrar em direção ao carro, com diversas ofensas e ameaças de "levar bala". Pedi para deixarem minha avó, que tem dificuldade de caminhar, mas não houve acerto. Ela foi aos tropeções para o carro.

Ao chegar lá nos enfiaram todos para dentro do carro, e um dêles assumiu o volante, com muita dificuldade para dirigir carro automático. O outro ficou no banco de trás, com o revólver encostado na minha nuca. Nos ofendiam e ameaçavam o tempo todo.

Umas poucas quadras depois encostou um carro do lado, que dava cobertura ao assalto. Um gol verde. Neste instante mandaram nos abaixarmos para que não víssemos a placa do outro carro. "quem levantar a cabeça leva bala".

Após os bandidos dos dois carros conversarem, mudaram de direção, dirigiram mais um pouco, pararam o carro e nos mandaram descer (graças a Deus), mas aos gritos de "rápido"e "vai bala". E quem disse que minha avó conseguia sair do carro. No desespero minha esposa arrancou ela de dentro do carro.

Ficamos num local sem movimento, escuro, sem carteira, sem documentos, sem celular, sem nada, e com medo de que, por algum motivo, eles resolvessem voltar. Começamos a nos afastar rapidamente dali, mas duas quadras depois minha avó já não tinha mais fôlego para andar. Começamos a bater nas casas, mas ninguém abria, de medo. Até que finalmente encontramos uma boa alma, que nos acolheu, e pudemos solicitar socorro.

Para demonstrar bem como está a situação da segurança pública em nosso país, o roubo aconteceu na mesma rua em que fica a delegacia de furtos e roubos de veículos...

Como estava perto, já passei por lá para fazer o BO, mas com pouca esperança de que façam alguma coisa. Ao chegar em casa liguei para amigos na polícia para ver se conseguem intervir para que as engrenagens se movimentem.

Toda a vida eu tive seguro de carro. Meu último seguro venceu dia 30/8 e a seguradora pediu tão alto para renovar que eu disse o seguinte: "ladrões, não renovarei mais". Virei um auto-segurado...por 26 dias...

Apesar do ocorrido estamos felizes por termos saído com vida. E conformados, sabendo que a qualquer momento pode acontecer novamente e que jamais em nossas vidas veremos propostas sérias de segurança pública serem transformadas em realidade.

Numa sociedade podre, se eu estivésse com meu revólver e tivésse dado um tiro na cara daqueles bandidos, seria perseguido pelas instituições, pela mídia, pelas ONGs, pelo ministério público, pelo PT...

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