Tempos modernos

Tinha 22 anos quando do impeachment do Collor, acompanhei bem os acontecimentos daqueles idos de 1992. Tínhamos:

- Cobertura elétrica na imprensa, fatos novos todo o dia, explorados fartamente
- Tínhamos editoriais de primeira página na Folha de São Paulo;
- Tínhamos uma oposição que sentia cheiro de sangue e partia com tudo para cima do governo;
- Tínhamos estudantes na rua, exigindo o impeachment.

O tempo passou, acabamos descobrindo que Collor era um ladrão de galinhas, e chegamos aos gigantescos escândalos de corrupção do PT. Mas como os tempos são outros, hoje temos:

- Cobertura modorrenta da imprensa, com o mesmo entusiasmo da previsão do tempo;
- Ao invés de editoriais, a Falha de São Paulo coloca na capa manchetes como: "não há razões para impeachment, afirma Dilma";
- A oposição corre e bate cabeças tentando achar formas de salvar o governo;
- Os estudantes não estão na rua. Devem estar observando a situação de dentro de suas escolas, e concluindo que os protestos são coisa da elite branca de barriga cheia.