Vivemos a era da bondade espalhafatosa, autocomiserada, narcísica e vaidosa de si. Nossa concepção de bondade e de justiça tornou-se açucarada e enjoativa. Não exibe aquela ágil e prosaica indiferença descrita por Proust, senão o peso solene de quem vive o tempo todo a mirar-se no espelho da aprovação alheia. Temos uma bondade acusatória e indulgente. Sou bom, logo, tudo me é permitido. Que se dê uma espiadela nas redes sociais, nos grandes veículos de comunicação, no meio artístico, nas universidades, e os rostos da bondade artificial estarão todos lá, como máscaras grotescas, carrancas afetadas e autopiedosas que destilam o seu farisaico senso de justica e o amor de dois tostões pelos oprimidos do mundo.
segunda-feira, 25 de dezembro de 2017
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