Na Venezuela, María Lourdes Afiuni rompeu o silêncio. Em audiência realizada no dia 30 de junho, a juíza expôs os detalhes da tortura, maus-tratos e estupro que sofreu em 2010, quando esteve presa no "Instituto Nacional de Orientación Feminina" (INOF).
Thelma Fernández, advogada da juíza, contou como foi o depoimento no Tribunal. Afiuni relatou "como lhe destruíram a vagina, o ânus e a bexiga, quando guardas do INOF e funcionários do Ministério da Justiça a estupraram" [...] "narrou que um agente da Guarda Nacional a feriu com uma botinada, causando-lhe uma distensão em parte do seio. Destacou que presas condenadas por ela foram transferidas para celas ao lado da sua, e que foi vítima de vários ataques, não sendo feito nada para evitá-los. Confessou que em várias oportunidades aspergiram gasolina na sua cela". Certa vez, no estabelecimento penal feminino, "houve um princípio de incêndio, retiraram todas as detentas, menos a juíza, que deixaram trancada na cela". Em outra ocasião, ainda segundo Thelma Fernández, Afiuni foi conduzida até o Hospital Militar "para fazer um exame ginecológico, e fizeram-na despir-se na presença de mais de 20 funcionários da GNB, a Guarda Nacional Bolivariana.
"Em seis anos destruíram a minha vida, a da minha filha e da minha família. Na Venezuela, os juízes não julgam, eles satisfazem os caprichos do governo", conta a própria María Lourdes Afiuni. Ouça o pesado depoimento no áudio abaixo:
María Lourdes Afiuni está sendo julgada por deixar em liberdade o empresário Eligió Cedeño, seguindo uma resolução da ONU. A juíza obteve liberdade condicional em junho de 2013, mas está proibida de sair da Venezuela, de falar nos meios de comunicação nacionais e internacionais, e de escrever nas redes sociais Twitter e Facebook.
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