O primeiro choque do retorno a gente já leva no aeroporto, com o caos que é a área de controle de passaportes. Uma verdadeira visão do inferno com centenas de pessoas se espremendo num espaço minúsculo, enquanto o serviço, com poucos atendentes, segue em ritmo de tartaruga.
No vôo de ida, uns 30 minutos antes do pouso, os comissários da Air France informam pelo sistema de alto falantes em qual esteira estará nossa bagagem. Os passageiros desembarcam sem nenhum stress, num ambiente bonito, com bom ar condicionado, as filas no controle de passaportes são pequenas e rápidas, e chega-se calmamente e sem atropelos à esteira pré-definida, onde as bagagens já estão à espera do passageiro.
Vou tentar retratar como é no Brasil. Primeiro, não há nenhum pré-aviso no avião, afinal ninguém (ninguém mesmo) tem a mais remota ideia de qual esteira receberá nossas bagagens. Dois vôos chegaram no mesmo horário no final da tarde de ontem, vôo A e B. Após sofre no controle de passaportes o passageiro exalto finalmente chega à área de esteiras. Monitores informavam: vôo A (o meu) na esteira 5, vôo B na esteira 4. Com uns 300 passageiros em cada um dos dois vôos, cerca de 600 pessoas aguardavam espremidas as suas bagagens. Nós, do vôo A, na esteira 5, vazia. Os passageiros do vôo B na esteira 4, tão entupida de malas que até parou de rodar, afinal não havia espaço para colocar mais bagagens.
Algum tempo depois o sistema de alto falantes avisa: "passageiros do vôo A, suas bagagens estão na esteira 4". 300 pessoas mudam para a esteira do lado, onde já estavam outras 300. Resultado, 600 pessoas se acotovelam no espaço de uma esteira. As bagagens que estavam na esteira eram do vôo A, o meu. Mas os passageiros que estavam lá primeiro, esperando, eram do vôo B, ou seja, nós do vôo A atropelávamos os do vôo B para termos acesso às nossas malas.
Algum tempo depois o sistema de alto falantes informa: "Passageiros dos vôos A e B, suas bagagens serão disponibilizadas na esteira 4". Permanece o corpo a corpo, os do vôo B lá plantados, esperando, e nós do vôo A batendo neles para pegar nossas malas, que giravam na esteira.
Aí passa um funcionário do aeroporto berrando: "atenção, o vôo B é na esteira 5". E ninguém sabe se acredita no sistema de alto falantes ou no berro do funcionário.
Um caos.
Pode parecer uma bobagem. Um petralha diria: "bem feito para esses burgueses que viajam ao exterior". Como se todos ali fossem ricos. E mesmo que fossem.
Mas é triste. Por trás daquele caos há instâncias do governo, ministérios, agência reguladora, Infraero, empresas terceirizadas, enfim, uma infinidade de gente muito bem paga para pensar, planejar. E toda essa gente não consegue sequer organizar a distribuição de malas numa esteira.
Isto de certa forma é um atestado da nossa incapacidade, e uma condenação a sermos sempre uma nação periférica no jogo da competição mundial.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
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