Piada, não; exposição
extremada, sim. Palmada, não; morte, sim.
Por aqui, enfim, são
atacadas as sensações, as manifestações mais superficiais do comportamento,
cujas conseqüências, em verdade, são inócuas; contudo, ações realmente graves
são liberadas e, pior, até mesmo estimuladas.
É por isso que choramos de emoção quando uma faxineira devolve uma bolsa com 10 mil reais a seu dono (somos gente boa, lembra?), mas damos de ombros quando o presidente da república, outrora sindicalista humilde, transforma-se num dos homens mais ricos da corte (não vamos perder tempo nem amigos discutindo, lembra?). É por isso que há comoção nacional quando vem a público algum vídeo de algum maluco espancando um animal, mas há indiferença quando sabemos que 50 mil pessoas morrem por ano em função da violência. De fato, somos muito ordinários.
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