Seria o caso de
perguntar em que ponto o amor-próprio se torna doença e volta-se contra si
mesmo. Mas acredito que quando se torna mania publicar selfies logo que
consumado o ato sexual (#AfterSex), ou sua variante a mostrar como ficou seu
cabelo depois (#AfterSexHair), ou para mostrar sua roupa e expressão facial
quando se está num funeral (#funeral), enfim, quando chegamos a isso, algo me
diz que aquele ponto já foi ultrapassado faz tempo e falar de limites seria até
interessante, mas tão produtivo quanto analisar o pênalti perdido por Zico na
Copa de 1986.
Na verdade, embora
quando se fale de narcisismo logo venha à mente vaidade, seu significado tem
mais a ver com entorpecimento, que vem da origem grega do seu nome, narkhé. E é
essa, parece-me, a marca registrada do narcisismo do nosso tempo, que já se fez
antigo e, pelo visto, perdurará bastante. Estamos entorpecidos, narcotizados
moral e espiritualmente, tanto que dá sono só de ler essas palavrinhas, como se
a mera menção despertasse um fiscal chato com a única finalidade de estragar
prazeres. É proibido proibir, e beijinho no ombro a quem discorda.
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