O famoso estrategista chinês Sun Tzu disse uma vez: “Se você conhece o inimigo e
conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se
conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma
derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as
batalhas”. Isso me leva a perguntar: Qual tomador de decisões nos EUA de fato
conhece a si mesmo ou seu país? Quem fala honestamente e realisticamente acerca
desse assunto? E qual estadista, falhando em saber o que lhe é imediato, é capaz
de analisar objetos distantes? Deveríamos, talvez, nos reportarmos à sabedoria
estratégica de Hillary Clinton ou John Kerry? O que dizer então da intrepidez de
Barack Obama? Em 2008, a suposta “soccer mom sem noção”, a governadora
Sarah Palin, disse que o Senador Obama havia reagido à invasão russa de 2008 à
Georgia com “indecisão e equivalência moral – o tipo de resposta que só poderia
encorajar a Rússia de Putin a invadir a Ucrânia”. Evidentemente, opiniões de
experts taxaram Palin como uma ignóbil por emitir tal opinião.
Como
servos de um público que implora pela ficção, nossos líderes (com poucas
exceções) tornaram-se provedores de fantasia política. Desde 1991 nos
alimentamos de uma dieta à base de mentiras sobre a Rússia e China que, embora
direcionadas ao mundo dos negócios, colocaram a América em uma posição de
inferioridade estratégica. “Falsas e ingênuas suposições sobre o ‘progresso rumo
a democracia’ russo-chinês e sobre a ‘amizade [deles] com os Estados Unidos’
ameaçam a política de defesa”, escreveu o desertor da KGB Anatoliy Golitsyn em
1995. “A ameaça não é apenas associada à redução de gastos militares, mas também
relacionada à questão de prioridades. O envolvimento em conflitos regionais e
locais [...] na base da ideia de que ‘a Guerra Fria acabou’, e a luta contra
cartéis de drogas na América Latina, distraem a atenção da verdadeira ameaça
estratégica vinda da Rússia e da China”. [The Perestroika Deception, p.
231]
Como
nação – e também como civilização – caímos numa armadilha. Acreditamos nas
mentiras russas e agora temos de pagar o preço. “Seja extremamente sutil”,
escreveu Sun Tzu, “tão sutil que ninguém possa achar qualquer rastro. Seja
extremamente misterioso, tão misterioso que ninguém possa ouvir qualquer
informação”. E o que deveríamos pensar, agora que o silêncio foi quebrado na
Ucrânia? O que devemos dizer quando o mistério da China for revelado? “A
velocidade é a essência da guerra”, escreveu Sun Tzu. “Tome vantagem do
despreparo inimigo; viaje por rotas inesperadas e ataque-o por onde ele não
tomou precaução”.
Qual
então deve ser a leitura dos atuais eventos?
O
problema de começar uma Terceira Guerra Mundial (para Rússia e China) é o
problema de dois parceiros desleais se comprometendo em uma ofensiva militar
simultânea. Ambos os parceiros têm de se mover juntamente de modo coordenado. Se
um arriscar e o outro hesitar, o lado que se arriscar antes da hora pode se ver
isolado e em desvantagem em relação ao mundo civilizado. Portanto, na questão de
duas potências começarem uma guerra juntas, o caminho a se seguir é o
Comprometimento Mútuo Assegurado. A partir de hoje, 10 de março de 2014, se a
Rússia está planejando ir mais a fundo na Ucrânia, então a China e/ou a Coreia
do Norte devem criar problemas no extremo oriente. Conforme a Rússia se arrisca,
a China também deve se arriscar. Se um parceiro vai muito adiante sem o outro,
ele arrisca ser abandonado em um caminho irrevogável. E assim, para que se possa
construir um edifício de credibilidade, eles devem ir juntos ou não devem ir de
maneira alguma.
Somos
então levados a considerar a atual crise militar entre China e Japão um prólogo
necessário, assim como a incursão russa na Geórgia em 2008. Todos esses prólogos
podem ser parte de uma sequência cuidadosamente construída. A Geórgia foi um
ensaio geral para a Ucrânia e a Ucrânia é muito possivelmente o prólogo de algo
maior. No extremo oriente, o conflito sobre as Ilhas Senkaku é absurdo a menos
que ela seja visto como um prólogo do estouro de uma guerra no Pacífico, que
incluiria uma guerra entre as duas Coreias.
quinta-feira, 13 de março de 2014
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