Assisti há muitos e muitos anos o filme 2001, Uma Odisséia no Espaço, e acreditei no que vi. Li muitas edições da revista Manchete, e acreditei em todas. "Em 1980 haverá colônia de férias na lua", anunciava a reportagem.
Nada disso aconteceu. Estamos em 2013 e o homem não consegue mais nem viajar até a lua, ou a viagem seria tão cara que as nações falidas não têm condições de pagar.
Ninguém, nem os filmes, nem a Manchete, nem os cientistas, conseguiu prever o nosso tempo. Previram viagens espaciais que não existem, mas não previram o Facebook nem o Twitter.
E essas duas ferramentas mudaram nossa forma de agir de uma forma tão brutal que, creio, ainda não foi percebida pela maioria das pessoas.
Por exemplo, algum tempo atrás assassinaram o filho de Carlinhos de Jesus. E qual foi a primeira reação do pai que acabava de perder o filho? Atualizar o seu Twitter para informar os seguidores sobre a sua dor.
Na última edição de Veja ficamos sabendo que o último ato de uma das vítimas da boate Kiss foi atualizar o seu Facebook com a informação do incêndio. Eu, que sou antigo e arredio ao mundo moderno, não consigo compreender. Se eu estivésse dentro de um prédio em chamas, usaria todas as minhas energias, até o fim, para tentar escapar do fogo. Naquele momento não conseguiria nem lembrar que existe internet.
Cúmulo do surrealismo: a vítima que atualizou o seu Facebook já estava morta, e o seu perfil continuava recebendo mensagens ("incêndio, como assim?"), e outros usuários do Facebook apertavam o botão de "curtir", para indicar que haviam curtido aquela postagem...
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
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