Nem todos os escritores (e jornalistas) sem avarias no cérebro são militantes
do PT. Por que tantos deles fingem ignorar a assombrosa miséria retórica do
neurônio solitário? Por que fazem de conta que entendem o que está dizendo a
superexercutiva que não diz coisa com coisa? O que há com esses intelectuais que
contemplam com mansidão bovina, entre uma e outra salva de palmas, a discurseira
que reitera a celebração da ignorância?
O que há é o de sempre. Há o medo de melindrar a “esquerda” e entrar na alça
de mira das milícias do PT. Há o temor de cair em desgraça com Lula, o pai dos
pobres, ou irritar Dilma Rousseff, a mãe dos miseráveis, e ser estigmatizado
como inimigo da pátria. Há, sobretudo, o pavor de ficar fora da turma
contemplada com bênçãos, favores e, sobretudo, verbas federais.
Em troca da inclusão de um livro na lista dos recomendados pelo MEC, garantia
de muitos milhões em direitos autorais, o mais indignado dos rebeldes de
antigamente entrega a mãe e oferece a avó como brinde. Outros fecham negócio a
preços de ocasião. Por exemplo, uma vaga no grupo formado por mais de 70
escritores que, em outubro, vai representar o Brasil na Feira de Frankfurt.
A multidão ficará pelo menos quatro dias por lá, comendo, bebendo, dormindo
em excelentes hotéis e vendendo seu peixe — tudo pago com o dinheiro que o
governo subtrai dos pagadores de impostos. Um passeio desses na Alemanha ─ e de
graça ─ costuma valer mais que a cumplicidade silenciosa. A maioria dos
viajantes saberá retribuir a demonstração de apreço pelos literatos da terra com
gentilezas adicionais.
Entre elas se inclui a esperta forma de miopia que faz enxergar um monumento
à inteligência num cérebro baldio, incapaz de produzir uma única ideia que
preste, uma só frase com começo, meio e fim. Ou dizer qualquer coisa que possa
mitigar a constatação perturbadora: nunca houve na história do Brasil uma figura
tão irremediavelmente despreparada para exercer a presidência da República.
terça-feira, 7 de maio de 2013
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