Espero que a mesma imprensa que está endossando esse
espetáculo de intolerância não venha a pagar caro por sua estupidez. Está
confundindo o direito à divergência e ao protesto — e as praças estão aí para
isso — com a “boa censura”, como se isso fosse possível.
Não queremos ser tutelados pelo estado, certo? E creio
haver um razoável consenso nisso (os petistas discordam, desde que eles sejam o
estado, claro!). Cumpre indagar se a tutela exercida por minorias — ou maiorias
— organizadas é legítima. Para alguém que se orienta segundo os critérios da
democracia política, a resposta é uma só: NÃO!
A imprensa brasileira, com as exceções costumeiras, vive
um momento vergonhoso. Entende, de modo estúpido, que a única censura que se
deve repudiar é a legal. Se um dia lhe ocorrer de escarafunchar a biblioteca,
verá que há outra tão ou mais perversa: aquela que pretende censurar mais do que
a liberdade de expressão; pretende impedir o próprio exercício do pensamento em
nome de valores supostamente infensos a quaisquer questionamentos.
Resta-nos aguardar agora o “controle social da piada”. Os
humoristas podem começar a treinar as piadas construtivas. Nessa toada, a
liberdade, especialmente na Internet, está com os dias contados. Se acham que o
cristianismo, que eles adoram esculhambar — e o fazem, felizmente, sem qualquer
censura —, é uma religião problemática, é porque não conhecem o laicismo
controlado por alguns fanáticos.
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