Compreensivelmente, é
esse mesmo caráter dúplice e escorregadio que lhe permite ludibriar não somente
a massa de seus adeptos e militantes, mas até seus inimigos declarados: os
empresários capitalistas. Tão logo estes se deixam persuadir do preceito
marxista de que o modo de produção determina o curso da vida social e política
(e é quase impossível que não acabem se convencendo disso, dado que a economia é
a sua esfera de ação própria e o foco maior dos seus interesses), a conclusão
que tiram daí é que, enquanto estiver garantida uma certa margem de ação para a
iniciativa privada, o comunismo continuará sendo uma ameaça vaga, distante e até
puramente imaginária. Enquanto isso, vão deixando o governo comunista ir
invadindo e dominando áreas cada vez mais amplas da sociedade civil e da
política, até chegar-se ao ponto em que a única liberdade que resta – para uns
poucos, decerto – é a de ganhar dinheiro. Com a condição de que sejam bons
meninos e não usem o dinheiro como meio para conquistar outras liberdades. Ao
primeiro sinal de que um empresário, confiado no dinheiro, se atreve a ter suas
próprias opiniões, ou a deixar que seus empregados as tenham, o governo trata de
fazê-lo lembrar que não passa do beneficiário provisório de uma concessão
estatal que pode ser revogada a qualquer momento. O sr. Silvio Santos é o
enésimo a receber esse recado.
É assim que um
governo comunista vai dominando tudo em torno, sem que ninguém deseje admitir
que já está vivendo sob uma ditadura comunista. Por trás, os comunistas mais
experientes riem: “Ha! Ha! Esses idiotas pensam que o que queremos é controlar a
economia! O que queremos é controlar seus cérebros, seus corações, suas vidas.”
E já controlam.
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