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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Malvadão

Imagino um burocrata fazendo a barba pela manhã, se olhando no espelho, e pensando: “vou chegar na repartição hoje e ferrar ainda mais essa gente que insiste em trabalhar e produzir no Brasil”.

Aí ele chega à repartição, pensa numa maluquice qualquer, redige numa portaria, instrução normativa, ou seja lá o que for, manda publicar no diário oficial, e a partir do dia seguinte 200 milhões de brasileiros estão sujeitos a cumprir a tal coisa.

Simples assim. Mesmo que o burocrata em questão não tenha sido eleito por ninguém para criar obrigações de fazer para a sociedade. Não precisa passar pelo congresso, não precisa ser votado em plenário, não precisa justificar mais algumas nomeações para o PMDB, nada. É a simples vontade do burocrata e a publicação no diário oficial e, pronto, todos estão sujeitos a partir dali.

E isto ocorre todos os dias úteis do ano, em todos os níveis – federal, estadual e municipal.

Todo dia é um pouco mais difícil trabalhar e produzir no Brasil do que foi no dia anterior. E isso ocorre perante a total apatia da malta.

Cada idéia de cada um dos milhares de burocratas não eleitos espalhados pelo Brasil, transformada em portaria, custa milhões para o país em perda de tempo e ineficiência. Pelo simples prazer de satisfazer o ego do burocrata que se olhou pela manhã no espelho, se achou macho pacas, e resolveu mostrar para todo mundo o tamanho do seu poder.

É claro que se ele criar um portaria determinando, por exemplo, que a partir dali todos deverão andar nus, a coisa terá repercussão e algum burocrata em escalão superior mandará reverter a ordem. A “macheza” não chega a tanto. Por isso eles vão infernizando a sociedade numa área em que ninguém se preocupa – a produção e o trabalho. Criam uma declaração nova, a necessidade de uma assinatura onde antes não era necessária, a necessidade de uma licença, a necessidade de um laudo, a necessidade de uma vistoria, e assim por diante. Até que um dia, quem sabe, consigam seu intento de inviabilizar completamente o funcionamento da sociedade.

A nós, que estamos do lado da economia que produz, e que somos incapazes de reagir, cumpre sacrificar nossos fins de semana (como hoje) para satisfazer a vontade dos burocratas.

Seu burocrata malvadão, não é só você que gosta de descansar e ficar com a família. A gente também gosta. Dá um tempo aí malvadão, desacelera a produção de portarias para sobrar um tempo prá gente também poder viver...

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