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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Policiais, não sejam modestos

Estou assistindo à novela Dancin Days, de 1978 (comprei em DVD). O par romantico da trama é formado por Julia e Cacá.

Cacá é diplomata de carreira, e chefe do cerimonial do prefeito do Rio de Janeiro. No entanto, quando eles se conhecem, e Julia pergunta o que ele faz, para não impressioná-la ele responde apenas "sou funcionário público".

Aí eles não se encontram mais por um tempo (provavelmente só ficarão juntos no fim da novela), mas Julia acaba revendo-o na inauguração da discoteca 17, um evento super badalado onde só entra convidado da nata da sociedade carioca. Ao vê-lo Julia comenta com uma amiga: "o que um funcionário público está fazendo numa festa como esta?"

Para quem não entendeu, ela quis dizer que o evento era de um padrão social muito alto para contar com a presença de funcionários públicos. Isso em 1978.

De lá prá cá os funcionários públicos fizeram muitas greves, e hoje ninguém mais se surpreende em vê-los em meio à elite de qualquer cidade, dirigindo carrões, morando em mansões e levando a família para Paris.

Já escrevi que a situação no poder público é a seguinte: os funcionários, organizados, pressionam permanentemente por salários "mais dignos". Já os gestores, políticos eleitos, não são donos do dinheiro e não estão dispostos a comprar briga com categorias organizadas de funcionários/eleitores. Desta forma, vão cedendo. E os salários vão crescendo, até o ponto, quem sabe, em que paremos com esta hipocrisia de tributação e os funcionários públicos nos declarem definitivamente como seus servos.

Nosso papel, fora do serviço público, seria apenas trabalhar até a exaustão para garantir o bem estar e o salário dos funcionários públicos. Quem sabe com a pressão dos policiais, e de seus armamentos letais, este momento esteja mais próximo.

Sei que para os funcionários públicos pode até ser interessante nos manter na ilusão de que somos livres, de que existe iniciativa privada, e de que eles levam apenas "40%" do produto do nosso trabalho. Mas no ritmo em que as despesas crescem, esses 40% logo não serão suficientes, e como não gosto de hipocrisia, entendo que o melhor é acabar com esta palhaçada, e nos colocar no papel de escravos estatais de uma vez por todas. É melhor deixar claro logo o nosso papel de servos do bem estar alheio.

Policiais de todo o Brasil ameaçam fazer greve porque querem receber o mesmo salário dos policiais do DF. Já os policiais do DF ... vejam a manchete da Veja.com:

"PMs de Brasília querem salário de 7 mil para soldados
Corporação tem os melhores vencimentos do país, mas militares cobram aumento de 52%. Assembleia nesta quarta-feira pode iniciar greve
"

Eu não gosto de gente que pensa pequeno. Que bobagem é essa de R$7 mil por mês? Peçam logo R$70 mil por mês. Ou melhor, R$700 mil por mês.

"E o dinheiro prá pagar, vai sair de onde?" Ora, senhores policiais, basta colocar um membro da corporação em cada empresa do país e, ao final de cada dia, passar no caixa e recolher a féria. Não sejam modestos.

A nós, cidadãos, restará a esperança de que os bandidos desçam dos morros para nos proteger...

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