Ontem à noite liguei a TV por alguns minutos para me dar sono, e passei pelos canais. Parei no Programa do Gugu. A "atração" era a seguinte: estava lá uma jornalista obesa que perdeu 25kg, e iria apresentar ao vivo seu novo corpinho. Ela ficava atrás de um biombo, mas dava para ver sua sombra. Aí o Gugu enrolava ("ela já vai aparecer"), e perguntava sobre o regime, e enrolava ("ela já vai aparecer"), e pedia para ela dar uma reboladinha (e sua sombra rebolava como uma funkeira), e enrolava ("ela já vai aparecer"), e entrevistava o marido da pessoa para perguntar se ela estava mais gostosa agora, e enrolava ("ela já vai aparecer") e pedia para rebolar de novo, e entrevistava a médica que fez a lipoaspiração, e enrolava ("ela já vai aparecer, depois dos nossos comerciais"), e chamou ao programa o seu colega de palco no jornalismo, para saber a opinião dele sobre a nova gostosura, mais uma reboladinha, mais uma enrolada ("ela já vai aparecer"). E devia haver pelo menos uns 15 milhões de pessoas pelo país vidradas na TV assistindo o "programa".
Numa certa altura, fez o efeito desejado e caí no sono.
Mas hoje fique pensando como seria se eu pudesse voltar no tempo, por exemplo a 1975, para contar sobre o futuro. A percepção de 1975 sobre 2015 era de que já teríamos colonizado a galáxia, e nos deslocaríamos através do teletransporte. Imaginem se eu chegasse lá e contasse: no futuro não teremos teletransporte, não teremos colonizado a galáxia, não conseguiremos mais nem ir até a lua, e o país (ou parte relevante dele) vai parar por horas para assistir uma gorda que perdeu 25Kg rebolar e mostrar seu novo corpinho. Provavelmente eu seria taxado de louco, mentiroso, e encaminhado ao manicômio mais próximo.
Aliás, é a mesma reação que as pessoas têm quando falo sobre minhas previsões para 2030, 2050...
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário