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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Sou um pária internacional

Quis o destino que as coisas evoluíssem para um estágio em que as pessoas com as características que eu tenho passaram a ser percebidas como párias. E que características são essas? Branco, homem, heterossexual, ocidental, de classe média (tendendo a pobre), de direita, etc.

À medida em que se instalarem os paredões no ocidente, os que reúnem essas características serão os primeiros contemplados. Nosso destino já está traçado.

Enquanto não nos mandam para o paredão, vamos experimentando em viagens internacionais o que é ser um pária.

Toda a vez que viajo para os EUA é o mesmo stress na imigração. Sempre sou recebido por um grosso, que faz um interrogatório: qual o motivo da viagem? quantos dias vai ficar? quantos dólares tem com você? o que faz no Brasil? tem casa própria? e por aí vai.

Enquanto isso, ao mesmo tempo em que estou sendo bombardeado com perguntas, dezenas de imigrantes ilegais estão cruzando a fronteira com o México, e do lado de cá são recebidos de braços abertos pelo governo Obama, e às vezes encontram até grupos de americanos que seguram cartazes de "bien venidos".

Me lembro da última vez que entrei na Espanha, em março de 2014. Já me pararam na porta do avião, e me fizeram um interrogatório. Me ironizaram, debocharam, fizeram abrir a bagagem de mão e mostrar o que havia dentro. Até que me deixaram passar. Mas se eu chegar na Espanha de barco inflável, carregando um Corão na mão, serei recebido de braços abertos, receberei o direito de lá morar e me darão até benefícios oficiais em euros...

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