"O volume de investimentos perde de goleada para a gastança do mamute administrativo. O governo não é uma entidade lucrativa. Não fabrica um único prego, não produz um escasso saco de cimento. Só faz encomendas, e espeta a conta nos bolsos dos pagadores de impostos. Esses bancam tudo, incluídos os “programas sociais” concebidos para garantir a popularidade de benfeitores espertos. Nos currais do século 21, a eterna gratidão dos eleitores é barata. No momento, custa uma inscrição no Bolsa Família..
Os jornalistas amestrados sabem disso tudo. Fingem que não porque são cúmplices, por ação e omissão, do grande embuste armado para esconder a administradora bisonha, a articuladora política incapaz de organizar um concurso de miss, a intelectual que esquece o nome do livro que acabou de folhear, a comandante que camufla com pitos a nenhuma vocação para a liderança, a chefe que sempre escolhe o pior entre os piores. Os resultados favoráveis nas pesquisas que medem a popularidade de Dilma Rousseff não provam que seu desempenho é ótimo ou bom. Apenas demonstram que, em matéria de informação política e discernimento, a maioria dos entrevistados é ruim ou péssima.
Milhões de brasileiros que pouco aprenderam, nada sabem e, por isso mesmo, contentam-se com migalhas partilham o mesmo sonho mesquinho, miúdo, cinzento: só querem não morrer de fome. Acham-se devedores dos carrascos fantasiados de amigos do povo. E assim continuam a eleger e reeleger os crápulas que os condenaram a uma existência sem horizontes, a uma vida que não vale a pena e a dor de ser vivida."
quarta-feira, 14 de março de 2012
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