"Durante o processo, os cidadãos em geral e a classe média em particular se sentem mais ricos. Um apartamento no Recreio passa a valer a mesma coisa que um apartamento em Miami, perto da praia, se calculado por metro quadrado em dólares. Os governantes colhem os louros da bonança, mas os fundamentos são frágeis. E como não é possível agradar a todos, medidas paliativas são adotadas para acalmar os industriais em pânico. A escalada protecionista tem início, fechando mais o país. O BNDES segue distribuindo bilhões por ano, com taxas subsidiadas, para aliviar o sofrimento dos grandes grupos nacionais.
As únicas medidas efetivas para blindar o país contra uma bolha artificial seriam reformas estruturais que reduzissem o Custo Brasil. Elevar a produtividade da indústria, reduzir a carga tributária, flexibilizar as leis trabalhistas, aliviar a burocracia asfixiante, acelerar a justiça, sinalizar o estancamento do rombo previdenciário à frente, cortar gastos públicos e investir em infraestrutura, etc. Sabemos que o governo não vai fazer nada disso. Resta, então, apelar para a retórica e tomar medidas pontuais, que nada resolvem.
Enquanto isso, o real segue apreciando com a entrada de dólares, o crédito continua “bombando”, com o estímulo do próprio governo, e os consumidores ficam felizes com a aparência de maior riqueza repentina. Os produtores recebem alguns afagos (protecionismo e subsídios) para sobreviver. Mas o crescimento é cada vez mais frágil, e o risco inflacionário cada vez maior. A espuma cresce, podendo se tornar uma bolha. O problema é que bolhas inexoravelmente estouram algum dia."
sábado, 10 de março de 2012
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