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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Do Olavo de Carvalho


"Se há uma coisa óbvia, é que a narrativa predominante na mídia, no show business e nos meios intelectuais, quando não determina desde já o curso dos acontecimentos políticos, terminará por determiná-lo mais dia menos dia.

Nos EUA, há pelo menos três décadas essa narrativa reproduz ponto por ponto, sem citar a fonte nem, é claro, imitar-lhe o estilo, o discurso da propaganda anti-americana posto em circulação desde o fim da II Guerra pelo governo da URSS.

Não há acusação, não há mito depreciativo, não há estereótipo difamatório comprovadamente comunista que não tenha sido absorvido pelas grandes agências formadoras de opinião na América e repassado à população como autêntico produto made in USA, dado do senso comum ou crença espontânea das pessoas de bem. Dos episódios McCarthy, Alger Hiss e Rosenberg em diante, não houve mentira soviética que não fosse alegremente subscrita pelo establishment, só para acabar sendo desmentida por provas documentais irrefutáveis trinta ou quarenta anos depois, tarde demais para que seus efeitos políticos pudessem ser revertidos (v. Ronald Radosh, The Rosenberg File, 1997; E. Stanton Evans, Blacklisted by History, 2007; Christina Shelton, Alger Hiss: Why He Chose Treason, 2012).

Como a matéria-prima desses engodos aparece sempre remodelada em linguagem local e adaptada aos sentimentos usuais do público americano, ninguém ou quase ninguém se lembra de rastrear-lhe a origem. Quem o fizesse teria de acabar concordando com aquilo que disse Malachi Martin: que ao longo do último século só houve uma força agente no cenário internacional – a URSS. Os personagens em torno não tiveram iniciativa própria: limitaram-se a adaptar-se, às pressas e desastradamente, a situações criadas pelos diretores de cena soviéticos, cujos cálculos antecipavam suas reações e tiravam proveito delas.

Tudo aquilo que no Ocidente se vendeu, se louvou e se criticou sob o nome de “anticomunismo” nunca passou da resposta fraca e tardia de vítimas atônitas a uma estratégia abrangente e de longo prazo, cujo alcance mal chegavam a vislumbrar."

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