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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Tempos modernos


Passei o fim de semana no Rio Grande do Sul, visitando meu pai. Quem acompanha diariamente o blog já sabe que ir ao Rio Grande se transformou numa tortura para mim. Sou gaúcho, mas ao longo do tempo fui adquirindo uma espécie de incompatibilidade com meus conterrâneos.

No círculo de relacionamentos que temos no Rio Grande, que serve como uma amostragem da maneira de pensar do gaúcho, as pessoas se dividem em dois grupos: os que são funcionários públicos e os que estão estudando para concurso.

Aqueles que ainda estão tentando passar em concurso só falam sobre o sonho de assumir um cargo poúblico. Os que já são funcionários públicos só falam sobre o sonho de ganhar na loteria.

Onde está o espírito empreendedor do gaúcho? Onde está a centelha? Apagou?

Mas, enfim, meu avô paterno era um líder poítico reginal da UDN, e todos os parentes seguiam a liderança do meu avô, sem questionamento. Assim, nossa família era de oposição ao governo Vargas.

Conversando com meu pai (agora) ele reclama: "como éramos burros. Era só mudarmos para o PTB que o Getúlio mandava abrir as comportas do Banco do Brasil para nós, com juros de 0,5% ao ano, menores que a inflação".

Políticos populistas de esquerda sempre são muito generosos com o dinheiro público aplicado em companheiros, e Getúlio (Banco do Brasil) enriqueceu muitos companheiros, como João Goulart e Samuel Wainer.

Mas o que meu pai esquece é que na época em que haviam partidos no Brasil a coloração partidária era uma questão de honra, e honra na nossa família nunca teve preço.

É um sinal dos tempos. Depois de muitos anos lendo a Zero Hora, assistindo a RBS TV e ouvindo os políticos atuais, meu pai virou "malandrão"...depois dos 90 anos de idade...

O mais interessante, que evidencia perfeitamente a inversão de valores que vivemos no mundo atual, é que questionando meu pai da seguinte forma: "E se o financiamento do Banco do Brasil fosse condicionado a começar a torcer pelo Grêmio?" - ele responde "aí não!".

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