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domingo, 20 de janeiro de 2013

Privatize Já

Trechos do livro Privatize Já de Rodrigo Constantino:


Partir de uma premissa diferente, do "novo homem" totalmente abnegado e altruísta, voltado para o bem geral, costuma produzir resultados catastróficos. Na pior das hipóteses, essa premissa ingênua acaba em miséria e terror, como no caso da União Soviética e d etodos os outros governos socialistas. Na melhor delas, o resultado são filas de cidadãos à espera da boa vontade de um funcionário que tem outros interesses além de servir ao público.

Houve muito menos privatizações de 2002 para cá, quando o PT tomou o poder do governo federal. Isso não quer dizer que nossas estatais não serviram a interesses privados. é assim que funciona a privataria petista. Na fachada, a empresa continua sendo estatal, oferecendo geralmente serviços ruins, caros e demorados. Mas uma análise mais atenta mostra que seu patrimônio, seus cargos e suas reservas estão a serviço de interesses privados de um partido político e de grandes empresários próximos do poder.

Entre 2003 e 2007 a administração Lula repassou 12,6 bilhões de reais a 7.700 ONGs por meio de 20 mil convênios e outras modalidades de vinculação. É muito dinheiro que sai dos cidadãos na marra e vai para os amigos do rei.

Interessados em gordos contratos para obras, financiamentos e leis comerciais que deixem concorrentes de fora, cada vez mais grupos de interesse se aproximaram do governo. Na lista dos maiores doadores corporativos da campanha presidencial de Lula em 2006 vemos a presença de vários desses grupos, tais como Camargo Corrêa, Banco Itaú, Gerdau, JBS-Friboi, Bradesco, Vicunha, Votorantim e Andrade Gutierrez. Em 2011, ano que nem eleição teve, o PT arrecadou mais de 50 milhões de reais de apenas 75 doadores. Esse montante representou quase 90% do total arrecadado pelos 29 partidos políticos registrados na justiça eleitoral.

Esse capitalismo de laços representa um mecanismo perverso, que cria privilégios imerecidos, penaliza o dinamismo da economia e, por conseguinte, o progresso. Esse modelo não é exclusividade brasileira. em inglês o termo crony capitalism existe para indicar o mesmo fenômeno. O economista italiano Luigi Zingales lançou recentemente o livro A Capitalism for the People justamente para chamar a atenção dos rumos preocupantes dos Estados Unidos nessa direção. Mas na realidade nacional essa doença atingiu patamares assombrosos.

O leitor deve ter em mente que grandes empresários não costumam gostar do livre mercado. De fato, ninguém gosta muito de concorrência quando é o alvo dela. Mas ela é fundamental para preservar os interesses dos consumidores e dos trabalhadores em geral. Só que, se os grandes empresários contarem com um aparato disponível para captura, podendo barrar a livre concorrência, isso será tentador demais.

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