Em língua de gente, o falatório em dilmês primitivo produziu uma teoria e tanto. Amparada no que andou lendo num misterioso “segmento da imprensa”, a presidente do Brasil afirmou ─ nada mais, nada menos ─ que só os imprudentes e os pouco sérios se atrevem a atribuir o disparo do míssil aos rebeldes supridos pelo padrinho Vladimir Putin com armamentos de última geração. Segundo Dilma, a explosão do Boeing foi coisa do governo constitucional da Ucrânia, que errou o alvo ao tentar espatifar o avião que levava o presidente da Rússia de volta a Moscou. Nem o mais imaginoso veterano da KGB havia pensado nisso.
Como a autora não a desmentiu, a tese continua valendo manchete de primeira página ─ e à espera de detetives preparados para averiguar se tem fundamento ou não. Se tiver, o caso sofrerá reviravoltas que poderão levar a descobertas ainda mais espetaculares. (Uma dupla de enviados especiais a Donetsk talvez descubra, por exemplo, que o míssil decolou de um aeroporto clandestino construído nas terras de um tio ucraniano de Aécio Neves, expropriadas pelo governo mineiro). Se tudo não passou de outra maluquice do neurônio solitário, os eleitores terão um motivo a mais para negar à presidente um segundo mandato.
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