sexta-feira, 24 de junho de 2022
Flavio Gordon
Em tempos de tirania woke, temos hoje também muitos “dissidentes de cozinha”, ávidos por um espaço privado onde possam extravasar o incômodo com a incessante patrulha dos guerreiros da justiça social, capazes de condenar à execração pública (senão mesmo à prisão) todo cidadão suspeito de crime politicamente correto: equivocar-se no uso do pronome de gênero adequado, usar uma expressão “estruturalmente” racista (a exemplo de criado-mudo), abrir a porta do carro para uma mulher, não levar os filhos à parada gay, olhar para uma moça bonita… Desconfio que, até entre os justiceiros sociais, eles próprios, haja aqueles que, de tanto afetar em público uma impérvia virtude moral, aproveitem a privacidade doméstica para relaxar os músculos tensos da carranca politicamente correta com a qual costumam se apresentar em público. Sozinhos na cozinha, ou mesmo entre amigos íntimos (daqueles que não vazam conversas de WhatsApp), pode-se perfeitamente imaginá-los em raros momentos de espontaneidade, batendo o punho no jogo americano e extravasando em meio à tempestade de farelo de pão: “Mas puta que pariu! Também precisavam enfiar beijo gay no Buzz Lightyear?”.
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