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quinta-feira, 16 de abril de 2020

A sentença de morte do Brasil


Não há democracia no Brasil. O que há é uma cleptocracia instituída em 1988.

O que mantém o sistema coeso na cleptocracia é o livre trânsito da corrupção. Não há espírito público, não há preocupação com o país, com o futuro. A única preocupação de cada agente do sistema, ou da quase totalidade deles, é com a quantidade de dinheiro roubado que colocarão no bolso.

Bolsonaro foi eleito com a proposta de romper com as práticas corruptas vigentes desde sempre.

O problema é o seguinte - num sistema sem espírito público, que só funciona à base de corrupção, se retirá-la da equação, o que seria colocado em seu lugar para fazer o sistema seguir funcionando?

Acho que esse foi o maior erro do Bolsonaro - acreditar que sua mera eleição teria o poder de transformar todos os agentes do sistema em homens e mulheres de espírito público, preocupados exclusivamente com o futuro do Brasil.

Modestamente, creio que uma vez que a corrupção foi retirada de cena, o presidente deveria ter inserido o medo. Deixar claro aos agentes do sistema que se as coisas não funcionassem no interesse do país o sistema seria derrubado e substituído por outro. Os agentes do sistema são tão corruptos quanto são covardes.

Mas o presidente optou por sempre afastar esta possibilidade, e deixar claro que é um "democrata" (ou seja, um ingênuo crédulo do sistema podre de 1988).

Neste cenário estabeleceu-se um vácuo, e a coesão do sistema se dissolveu. Perdeu-se comando, uniformidade, e virou um salve-se quem puder. Congresso e STF transformaram o presidente em figura decorativa, puxaram a grana para eles e para os governadores, e começaram a transformar todas as suas loucuras em leis ou sentenças, como se o buraco fiscal não tivesse fundo, transformando o país num navio à deriva no meio do oceano, ironicamente sem capitão. A cleptocracia virou escancaradamente uma ditadura de corruptos. Perdeu-se qualquer resquício de vergonha.

Para piorar veio a peste chinesa, e encontrou o Brasil nas mãos de um "líder" fraco, incapaz sequer de demitir um ministro que diariamente lhe humilha em público, o que permitiu que o país se esfacelasse de vez, transformando cada governador e cada prefeito num tiranete local, com as bênçãos do STF.

Eu lutei muito pela eleição do Bolsonaro, e comemorei muito no dia da sua vitória. Não imaginava que ali era decretada a sentença de morte do Brasil.

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