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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

A esquerda, por Olavo de Carvalho

A esquerda define-se assim, objetivamente, pelas seguintes crenças: 1) O presente, ainda que seja melhor do que o passado, é sempre intolerável, porque resulta do passado; 2) O estado de coisas tem autores e culpados que podem ser localizados e nomeados, coletiva e individualmente; 3) Um futuro hipotético pode ser juíz do presente; 4) Todos os que aderem à idéia desse futuro deixam de ser, ipso facto, autores e culpados do presente estado de coisas e se tornam juízes dele. Nunca houve no mundo uma esquerda que não compartilhasse desses pressupostos gerais. Ser de esquerda consiste, em suma, em viver de um crédito moral que não pode ser jamais resgatado, de vez que, quando o futuro chega, tem de ser explicado como efeito do passado e automaticamente sua dívida é transferida à conta da "direita", mesmo à custa de usar esta palavra para designar aqueles mesmos que ainda ontem eram a esquerda. O esquerdismo é o projeto de um mundo novo cuja construção sangrenta será sempre lançada aos débitos do mundo velho. Ele é, em essência e não por acidente, a abdicação de toda responsabilidade histórica, a opção por uma moral oleosa que, deslizando sempre em direção ao futuro, jamais corre o risco de estacionar onde lhe possam cair em cima as consequências de suas ações.

3 comentários:

  1. "alivia-se a consciência reivindicando o benefício da dúvida e a realização da experiência para prova-lo; numa interminável questão. De onde proliferam intermináveis proposições de “receitas” para conduzir o rebanho humano a “salvação” ou “libertação”, a um “fim supremo” e, quiçá, ao “sentido da vida”. Onde as palavras são usadas por conta das emoções ou assanhamentos, que produzem por seus significados primários e não pelo que estão maliciosamente preconizando como ideal para todos, embora subjetivo.
    .
    ASSIM, PULULAM OS “FINS SUPREMOS”, ou “OBJETIVOS REDENTORES”, DEFENDIDOS POR AQUELES QUE VERDADEIRAMENTE DESEJAM OS MEIOS QUE ARBITRAM OU ADOTAM SOB PRETEXTO DE ALCANÇAR ESTES ALEGADOS FINS. Desconsiderando-se, então, o julgamento dos meios como fatos isolados, mas apenas como “caminhos” para os mais delirantes “Paraísos” e “Utopias” aparentes, sempre jogados para um futuro incerto reivindicado como única prova válida da “teoria”, que ainda poupa o homem-massa* do penoso esforço de pensar e julgar.

    A idéia de mérito desde sempre foi dissimuladamente preconizada como uma mera “insensibilidade de pensadores egoístas” e o justo apenas como uma expressão do senso comum em seu mero arbítrio (achismo!). Assim, a moral é percebida apenas como um meio para se atingir um objetivo, seja ele a “vida eterna”, a ordem social, a glória de uma “coletividade” ou o “bem comum”. Assim, basta alardear ostensivamente os meios propostos como receita para atingir um “fim consagrador” e, logo, aqueles que se agradarem destes meios militarão na causa ARREBANHANDO LEGIÕES QUE, COMO JUMENTOS, CORRERÃO ATRÁS DA CENOURA NA PONTA DA VARA AMARRADA A SEUS CORPOS. ...se não fosse tão trágico seria cômico.

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  2. "alivia-se a consciência reivindicando o benefício da dúvida e a realização da experiência para prova-lo; numa interminável questão. De onde proliferam intermináveis proposições de “receitas” para conduzir o rebanho humano a “salvação” ou “libertação”, a um “fim supremo” e, quiçá, ao “sentido da vida”. Onde as palavras são usadas por conta das emoções ou assanhamentos, que produzem por seus significados primários e não pelo que estão maliciosamente preconizando como ideal para todos, embora subjetivo.
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    ASSIM, PULULAM OS “FINS SUPREMOS”, ou “OBJETIVOS REDENTORES”, DEFENDIDOS POR AQUELES QUE VERDADEIRAMENTE DESEJAM OS MEIOS QUE ARBITRAM OU ADOTAM SOB PRETEXTO DE ALCANÇAR ESTES ALEGADOS FINS. Desconsiderando-se, então, o julgamento dos meios como fatos isolados, mas apenas como “caminhos” para os mais delirantes “Paraísos” e “Utopias” aparentes, sempre jogados para um futuro incerto reivindicado como única prova válida da “teoria”, que ainda poupa o homem-massa* do penoso esforço de pensar e julgar.

    A idéia de mérito desde sempre foi dissimuladamente preconizada como uma mera “insensibilidade de pensadores egoístas” e o justo apenas como uma expressão do senso comum em seu mero arbítrio (achismo!). Assim, a moral é percebida apenas como um meio para se atingir um objetivo, seja ele a “vida eterna”, a ordem social, a glória de uma “coletividade” ou o “bem comum”. Assim, basta alardear ostensivamente os meios propostos como receita para atingir um “fim consagrador” e, logo, aqueles que se agradarem destes meios militarão na causa ARREBANHANDO LEGIÕES QUE, COMO JUMENTOS, CORRERÃO ATRÁS DA CENOURA NA PONTA DA VARA AMARRADA A SEUS CORPOS. ...se não fosse tão trágico seria cômico.

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  3. A idéia de mérito desde sempre foi dissimuladamente preconizada como uma mera “insensibilidade de pensadores egoístas” e o justo apenas como uma expressão do senso comum em seu mero arbítrio (achismo!). Assim, a moral é percebida apenas como um meio para se atingir um objetivo, seja ele a “vida eterna”, a ordem social, a glória de uma “coletividade” ou o “bem comum”. Assim, basta alardear ostensivamente os meios propostos como receita para atingir um “fim consagrador” e, logo, aqueles que se agradarem destes meios militarão na causa ARREBANHANDO LEGIÕES QUE, COMO JUMENTOS, CORRERÃO ATRÁS DA CENOURA NA PONTA DA VARA AMARRADA A SEUS CORPOS. ...se não fosse tão trágico seria cômico.

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