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terça-feira, 12 de junho de 2012

O mercado

Ano passado acompanhei o processo de compra de uma empresa brasileira por outra, americana. A empresa americana é de capital aberto, em Nova York, e muitas dessas empresas precisam estar permanentemente lançando comunicados ao mercado na tentativa de manter em ascensão o valor de suas ações. Ainda estávamos na mesa de negociação, concluindo o processo, e os americanos já estavam redigindo o comunicado para o mercado americano (“estamos adquirindo a empresa tal no Brasil, a qual vai agregar muitas sinergias, etc.”). A partir da divulgação desses comunicados entra em ação uma cadeia que envolve espertalhões e idiotas: analistas de mercado, operadores de corretoras, e potenciais compradores das ações. Resultado, as ações efetivamente sobem, mesmo que apenas por alguns dias, ou até o próximo comunicado ao mercado. E sobem sem que ninguém na cadeia saiba exatamente o que o tal anúncio vai significar em termos de resultados efetivos. Bem, os americanos só perderam dinheiro com seu negócio no Brasil, o que mostra total falta de planejamento neste processo de aquisição (comprou por que e com qual objetivo?). Assim, pouco mais de um ano depois os americanos decidiram que a empresa será fechada. Antes deles a empresa, então brasileira, existia, gerava empregos, etc. Agora, pouco mais de um ano depois de ter virado multinacional, vai ser fechada e vai todo mundo para a rua. Enquanto isso, os americanos vão divulgar um comunicado ao mercado, informando que estão fechando sua subsidiária brasileira, o que vai diminuir o comprometimento mensal de caixa em $X, etc., a cadeia de espertalhões e bocós entrará em ação e as ações da empresa ... subirão em função do novo anúncio...

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