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terça-feira, 1 de abril de 2014

Viajar é cada vez mais complicado

Na última vez que cheguei à imigração americana, em novembro, fui parado e me levaram para conversar num lugar separado. Enquanto isso, havia centenas de pessoas na fila, muitas delas possíveis imigrantes ilegais (jovens, viajando sozinhos, sem cara de quem está a passeio), os quais eram recebidos com sorrisos e logo admitidos em território americano. Quando me liberaram do tal lugar separado, todo mundo já tinha passado pela imigração e ido embora.

Ao chegar na Espanha desta vez, vi que o procedimento mudou. Agora os policiais já esperam os passageiros na porta do avião. Passa um passageiro de cada vez. Eu estava lá pelo meio da fila, e vi que com uma ou duas perguntas eles deixavam as pessoas passarem. Quando chegou minha vez ...

Foram várias perguntas, me revistaram (cintura e tornozelos) procurando por armas (como se alguém com arma conseguisse embarcar em avião), pediram para ver a minha reserva de hotel, perguntaram quantos dias eu iria ficar, e respondi: 3. "O que veio fazer na Espanha?"; "visitar amigos". Aí o policial me olhou com aquela cara malandra de "te peguei": "mas só 3 dias?".

O mundo está mergulhando tão rapidamente em direção a uma sociedade coletivista, com a morte do indivíduo, que às vezes mesmo quem está atento ao processo não consegue acompanhar a velocidade com que as coisas acontecem. Quando o policial fez a cara de "te peguei" e me perguntou "mas só 3 dias? pensei: será que já surgiu alguma regra politicamente correta e, portanto, de aplicação obrigatória a todos, que determina a quantidade de dias que devem ser dedicados a uma viagem de visitas? 4 dias? 5 dias? 10 dias?

Enfim, ali fiquei com medo, pois se já existisse uma regra de comportamento neste sentido, eu a estaria infringindo, e poderia ser imediatamente deportado por "carência de espírito coletivo" e "desobediência à ordem politicamente correta".

Mas, enfim, parece que tal regra ainda não foi criada. Eu respondi: "sim, só 3 dias, eu preciso trabalhar para viver e o que tenho disponível para visita são só 3 dias". E ele me deixou entrar. Quem sabe na próxima tentativa, me deportam...

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