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quarta-feira, 20 de maio de 2020

A mordaça sobre a sociedade ocidental


"O inimigo continua a ser uma categoria política essencial, e o populismo conservador vem encarnar essa figura do inimigo, contra o qual o novo regime se constitui e tudo é permitido - a tal ponto que contra ele serão mobilizadas argumentações que por vezes beiram o exorcismo, e parecem ser do âmbito da demonologia. Depois de haver transformado o conservadorismo em patologia, trata-se a partir de agora de garantir sua criminalização, ao menos judicializando o espaço do pensável e, para isso, do possível, retraduzindo formalmente a liberdade de expressão na linguagem da tolerância progressista. Embora as democracias ocidentais contem há muito tempo com um dispositivo jurídico para lutar contra os discursos de ódio, empreenderam, além disso, a elaboração, desde o fim dos anos 1990, de um dispositivo jurídico suplementar, feito para punir as críticas à sociedade multicultural. A harmonia social pressuporia a compressão explícita das liberdades civis e, principalmente, entre elas, a liberdade de expressão, pois esta última, se usada de modo inconsiderado, forneceria a possibilidade de oposição ao regime diversitário. E desde o caso das caricaturas dinamarquesas, em 2005, o chamado ao enquadramento da liberdade de expressão se radicaliza."

Mathieu Bock-Côté


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