domingo, 6 de janeiro de 2019
Recomendação de livro
Osvaldo Peralva foi um jornalista e militante comunista brasileiro (pleonasmo). Militou por anos no PCB, e também residiu na União Soviética. Em seus anos de militância conheceu as entranhas da máquina comunista, e se desiludiu. Note-se, desiludiu-se com o socialismo real, permanecendo fiel até o fim da vida ao socialismo utópico. Exilado pela Revolução de 1964, voltou ao Brasil com a anistia de 1979 e, como bom comunista, passou a integrar o conselho editorial da Folha de São Paulo. Faleceu em 1992.
Em 1960 narrou em livro suas decepções com o movimento comunista. O livro, chamado O Retrato, é uma pérola. Foi relançado em 2015 pela Editora Três Estrelas.
Seguem trechos:
"Com efeito, maior que a autoridade paterna, mais rígida que a disciplina militar, mais eficaz que a coação econômica eram a autoridade, a disciplina e o poder coativo desse indivíduo (um chefe partidário). Porque ele manejava uma das máquinas mais eficientes que os homens inventaram para despersonalizar os próprios homens: o aparelho do partido comunista. Com esse fim, o aparelho põe em funcionamento, quando necessário, as seguintes engrenagens: 1) o apelo à mística partidária; 2) o terrorismo ideológico; 3) a pressão das opiniões coletivas de grupos partidários e periféricos; 4) a ameaça de expulsão e, em certos casos, de fio,enfia física; 5) os canais de difamação."
"Pode-se imaginar, portanto, como é difícil, dificílimo mesmo, a um militante comunista que faça parte do aparelho, opor-se a suas decisões. Esse militante, em geral,é uma pessoa sem vontade própria, nem consciência própria. Não se pertence: de unidade (indivíduo) converte-se em parcela inseparável de uma entidade (o partido). Em suma, o homem do aparelho é, espiritualmente, um alienado. E eu era um homem do aparelho."
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