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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Do Olavo de Carvalho

"O próprio marxismo não seria nada se tivesse a seu serviço somente intelectuais de elite capazes de conhecê-lo e meditá-lo: é a massa dos marxistas inconscientes – aqueles que acreditam não ser comunistas – que lhe dá seu tremendo poder de impregnação na sociedade.


Nossos militares acreditavam piamente que o sucesso da propaganda comunista era fomentado acima de tudo pela miséria e pelo subdesenvolvimento. Deram o melhor de si para combater esses dois males. Elevaram consideravelmente o PIB, construíram obras públicas fundamentais e, no conjunto, suas realizações nada perdem na comparação com as de outros governos criativos, como Getúlio Vargas e JK, com a diferença nada desprezível de que no tempo destes últimos a corrupção crescia junto com o país.

Tudo isso é excelente em si mesmo, mas não ajudou em nada a deter o avanço do esquerdismo revolucionário. Nem poderia ajudar. O comunismo jamais recrutou o grosso dos seus militantes entre os miseráveis, mas entre jovens de classe média, inconformados de que a instrução que receberam não lhes dê a ascensão social e política que promete e que imaginam merecer.

O progresso econômico dos anos 70-80 espalhou universidades por toda parte e multiplicou ilimitadamente o "proletariado intelectual", como o chamava Otto Maria Carpeaux, a massa de estudantes semi-instruídos aos quais, ao mesmo tempo, o governo sonegava toda formação política conservadora, deixando-os à mercê dos professores esquerdistas que já naquela época monopolizavam as cátedras universitárias. A crença no poder mágico do crescimento econômico e a completa ignorância do fator cultural (que àquela altura os próprios comunistas já haviam compreendido ser o mais decisivo) selaram o destino do regime.

Dizem que a Arena, nesse período, chegou a ser "o maior partido do Ocidente". Chegou, sim, em número de votos e de candidatos eleitos. Mas eleitores vão e vêm. O que fica, num partido, é a militância organizada, ideologicamente adestrada, espalhada e arraigada no fundo da sociedade civil, capaz de disseminar na opinião pública um corpo de crenças, valores e atitudes duráveis, não meros nomes de candidatos que no dia seguinte serão esquecidos.

A Arena não tinha nada disso. Tinha apenas cabos eleitorais. Ao primeiro sopro de um vento contrário, seus eleitores bandearam-se para o PT e demais partidos de esquerda, sem nem mesmo perceber que haviam mudado de filiação ideológica. O enigma aparente de um povo conservador que só vota em candidatos de esquerda tem ao menos parte da sua explicação no esforço de esvaziamento ideológico da sociedade, empreendido pelos governos militares."



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