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terça-feira, 2 de julho de 2013

De Denis Rosenfield

O governo está adotando a linha petista em sua tentativa de responder a uma crise que nem vislumbrou. O PT está tentando retomar o controle da situação. A presidente da República chamou, então, os “movimentos sociais” para conversar. Como assim? Chamou os usurpadores para uma conversa, deixando a sociedade autônoma ao léu?

A mixórdia foi total. As centrais sindicais foram chamadas para conversar, quando nada tiveram a dizer de manifestações das quais não foram protagonistas. O Movimento dos Sem Teto, outro ausente, aparece como interlocutor, forma de trazer o MST para junto do governo. A única exceção reside no Movimento do Passe Livre, que teve representatividade, embora a sua pauta seja dúbia. A pública é a de um movimento voltado para a redução da tarifa dos transportes públicos e, inclusive, pelo passe livre. A ideológica, segundo o seu próprio manifesto, é de natureza anticapitalista, contra a economia de mercado e a livre iniciativa. Do ponto de vista de suas concepções comunga com a ideologia do PT, considerando-a em situação de divórcio com o governo petista.

O governo foi além, fazendo valer outra forma de usurpação. Propôs, inicialmente, uma “Constituinte exclusiva” para a reforma política enquanto resposta, quando essa nem apareceu como agenda dos manifestantes. E o fez sob a forma de um “truque”, ou seja, a convocação de uma “Constituinte exclusiva” sob o modo de um “plebiscito”. Este conferiria uma aparência democrática à iniciativa, outorgando a uma “Constituinte” poderes ilimitados para questões políticas e, mesmo, para além delas, como a dita “democratização dos meios de comunicação”, sob o prisma “político” reformista evidentemente. Estaríamos, diante, de uma subversão da democracia por meios democráticos.
Quem controlaria uma “Constituinte” desse tipo? A resposta é óbvia: o governo, por deter o Poder, o PT, por ser o partido mais enraizado nacionalmente, e os movimentos sociais “organizados”. O processo político escaparia de qualquer marco legal, fazendo o país entrar em uma era de incerteza e insegurança. Sensatamente, o governo recuou de tal proposta, distanciando-se, novamente, das alas mais radicais de seu partido e dos movimentos sociais heterônomos.

Contudo, seria ingênuo considerar que o processo esteja terminando, nem que as formas de fazer política sejam somente essas. Os ditos “vândalos” correspondem, por sua vez, a movimentos políticos organizados, “sociais” ou não, ou de extrema esquerda, que estão apostando em uma crise institucional. Não se trata do crime organizado que se aproveita dessa situação, mas de uma forma de organização política que usa da violência para a consecução de seus próprios objetivos.

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