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quinta-feira, 13 de março de 2014

De Jeffrey Nyquist

O famoso estrategista chinês Sun Tzu disse uma vez: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”. Isso me leva a perguntar: Qual tomador de decisões nos EUA de fato conhece a si mesmo ou seu país? Quem fala honestamente e realisticamente acerca desse assunto? E qual estadista, falhando em saber o que lhe é imediato, é capaz de analisar objetos distantes? Deveríamos, talvez, nos reportarmos à sabedoria estratégica de Hillary Clinton ou John Kerry? O que dizer então da intrepidez de Barack Obama? Em 2008, a suposta “soccer mom sem noção”, a governadora Sarah Palin, disse que o Senador Obama havia reagido à invasão russa de 2008 à Georgia com “indecisão e equivalência moral – o tipo de resposta que só poderia encorajar a Rússia de Putin a invadir a Ucrânia”. Evidentemente, opiniões de experts taxaram Palin como uma ignóbil por emitir tal opinião.
Como servos de um público que implora pela ficção, nossos líderes (com poucas exceções) tornaram-se provedores de fantasia política. Desde 1991 nos alimentamos de uma dieta à base de mentiras sobre a Rússia e China que, embora direcionadas ao mundo dos negócios, colocaram a América em uma posição de inferioridade estratégica. “Falsas e ingênuas suposições sobre o ‘progresso rumo a democracia’ russo-chinês e sobre a ‘amizade [deles] com os Estados Unidos’ ameaçam a política de defesa”, escreveu o desertor da KGB Anatoliy Golitsyn em 1995. “A ameaça não é apenas associada à redução de gastos militares, mas também relacionada à questão de prioridades. O envolvimento em conflitos regionais e locais [...] na base da ideia de que ‘a Guerra Fria acabou’, e a luta contra cartéis de drogas na América Latina, distraem a atenção da verdadeira ameaça estratégica vinda da Rússia e da China”. [The Perestroika Deception, p. 231]

Como nação – e também como civilização – caímos numa armadilha. Acreditamos nas mentiras russas e agora temos de pagar o preço. “Seja extremamente sutil”, escreveu Sun Tzu, “tão sutil que ninguém possa achar qualquer rastro. Seja extremamente misterioso, tão misterioso que ninguém possa ouvir qualquer informação”. E o que deveríamos pensar, agora que o silêncio foi quebrado na Ucrânia? O que devemos dizer quando o mistério da China for revelado? “A velocidade é a essência da guerra”, escreveu Sun Tzu. “Tome vantagem do despreparo inimigo; viaje por rotas inesperadas e ataque-o por onde ele não tomou precaução”.

Qual então deve ser a leitura dos atuais eventos?

O problema de começar uma Terceira Guerra Mundial (para Rússia e China) é o problema de dois parceiros desleais se comprometendo em uma ofensiva militar simultânea. Ambos os parceiros têm de se mover juntamente de modo coordenado. Se um arriscar e o outro hesitar, o lado que se arriscar antes da hora pode se ver isolado e em desvantagem em relação ao mundo civilizado. Portanto, na questão de duas potências começarem uma guerra juntas, o caminho a se seguir é o Comprometimento Mútuo Assegurado. A partir de hoje, 10 de março de 2014, se a Rússia está planejando ir mais a fundo na Ucrânia, então a China e/ou a Coreia do Norte devem criar problemas no extremo oriente. Conforme a Rússia se arrisca, a China também deve se arriscar. Se um parceiro vai muito adiante sem o outro, ele arrisca ser abandonado em um caminho irrevogável. E assim, para que se possa construir um edifício de credibilidade, eles devem ir juntos ou não devem ir de maneira alguma.

Somos então levados a considerar a atual crise militar entre China e Japão um prólogo necessário, assim como a incursão russa na Geórgia em 2008. Todos esses prólogos podem ser parte de uma sequência cuidadosamente construída. A Geórgia foi um ensaio geral para a Ucrânia e a Ucrânia é muito possivelmente o prólogo de algo maior. No extremo oriente, o conflito sobre as Ilhas Senkaku é absurdo a menos que ela seja visto como um prólogo do estouro de uma guerra no Pacífico, que incluiria uma guerra entre as duas Coreias.

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