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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Invulneráveis à violência comum

Estamos todos sujeitos a sermos vítimas da violência. Eu mesmo, já fui sequestrado juntamente com minha família e fiquei com a ponta de um revólver encostada na minha nuca por um bom tempo. Por alguma razão, o meliante não puxou o gatilho. Mas poderia ter puxado.

Escrevi um texto há algum tempo dizendo que o Brasil é um país heterofóbico. Explico - são assassinados no Brasil cerca de 200 homossexuais por ano, e esta quantidade de vítimas é utilizada para justificar a necessidade de uma lei contra a homofobia. Pois bem, cerca de 50.000 pessoas são assassinadas por ano no Brasil. Se 200 são homossexuais, 49.800 são heterossexuais. Se 200 vítimas indicam homofobia, 49.800 vítimas indicam uma verdadeira síndrome de heterofobia...

Tudo brincadeira, claro, afinal todos os 50.000 casos são vítimas da mesma doença, a violência comum que toma conta do país sem nenhuma reação do poder público. Não existe homofobia. Não existe heterofobia (só na Globo...).

Pois bem, nesta manhã chegou um comentário ao blog, em cima deste texto, apontando o meu equívoco e dizendo que os heterossexuais mortos são vítimas da violência comum, mas os 200 gays mortos só foram assassinados por serem gays, porque somos um país homofóbico.

Entendi. Então preciso reescrever a primeira frase do primeiro parágrafo deste texto: "Estamos QUASE todos sujeitos a sermos vítimas da violência". Sim, quase todos, pois os gays seriam imunes a ela. Só são assassinados por serem gays, nunca em consequência da violência urbana. Imagino então um tiroteio numa grande cidade, Rio ou São Paulo, bala para todo o lado, gente correndo, aí uma bala vai em direção a um transeunte gay. Ao chegar próximo a ele a bala pensa: "este alvo é um gay, não posso atingi-lo, afinal eles só morrem como vítimas da homofobia". Assim, a bala, em pleno ar, corrige sua trajetória e atinge um heterossexual que passava ao lado.

Agora entendi. Obrigado leitor pela explicação.

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