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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Do Marco Antonio Villa

"Mas o pulo do gato foi buscar apoio eleitoral nos setores desorganizados, onde o PT era muito frágil, entre os menos escolarizados e com renda inferior a um salário mínimo. Sem vontade própria ou poder de mobilização, os beneficiários do Bolsa Família transformaram- se naquilo que todo governo conservador almeja: são fiéis e obedientes eleitores do oficialismo.
Temeroso ao extremo, Lula fez uma pálida gestão econômica. Sem a mínima ousadia, buscou resultados seguros e imediatos, sem nenhuma visão estratégica. Não foi um estadista. Longe disso. Assemelhou- se a um presidente da República Velha. Priorizou o setor primário da economia e desindustrializou o país. Soldou uma estranha aliança econômica entre o capital financeiro e o setor exportador.
O conservadorismo político-econômico também esteve presente na política externa. As causas democráticas e humanistas foram abandonadas.
O Brasil alinhou-se com ditaduras stalinistas, caudilhos passadistas e teocracias. Nas disputas internacionais, o país perdeu todas.
Por paradoxal que pareça, Lula considerou uma vitória a sucessão de derrotas. No campo social, o avanço foi pequeno.
Na educação, continuamos com milhões de analfabetos adultos e com um ensino fundamental formando alunos que desconhecem a língua portuguesa e as quatro operações matemáticas. Contudo, para agradar a suas bases políticas, criou várias universidades públicas. Os programas de habitação popular nunca atingiram as metas previstas.
O saneamento básico apresenta um quadro dantesco. Os programas de erradicação da pobreza fracassaram.
Mesmo assim, foram nas regiões mais miseráveis que a popularidade de Lula atingiu os índices mais altos. Isto mostra a eficácia, por um lado, do Bolsa Família, e, por outro, da capacidade de comunicação e de construção de um discurso político por parte do presidente. E mais: demonstra a ausência nos últimos oito anos de uma oposição atuante, crítica e propositiva."

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