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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O grande equívoco histórico

A história está repleta de equívocos. Mas há acertos também, e é em função desses acertos que a humanidade conseguiu se segurar até hoje e obter algum progresso. Quando olho para o futuro, no entanto, sou pessimista. Me parece que os equívocos passam a ser tão relevantes que são capazes de anular os acertos. Veremos.

Mas se eu tivesse que escolher apenas um grande equívoco histórico para ilustrar os desacertos da humanidade, eu citaria o caso Brasil.

A história do Brasil é um festival de erros difícil de ser superado.

Começou com o chamado descobrimento. Os portugueses queriam apenas explorar o novo território. Logo na sequência, passaram a enviar para cá o que de pior havia em Portugal.

Um pouco mais para a frente teve início a escravidão de africanos.

Assim foram formadas as bases do povo brasileiro:

- Índios desprovidos de capacidade de progredir (tanto que os poucos povos que ainda não tiveram contato com o homem branco continuam vivendo exatamente como viviam no tempo de Cabral);

- Bandidos portugueses;

- Exploradores portugueses, que viam o novo território como algo apenas a ser saqueado;

- Negros que foram trazidos para cá com violência e contra a sua vontade.

O resultado desta mistura foi um povo preguiçoso, malandro e com baixa auto-estima.

Aí nos tornamos independentes. Mas a tal independência veio muito mais em função de problemas entre D. Pedro e as cortes constitucionais portuguesas, e da insatisfação com tributos cobrados pela metrópole, do que de um legítimo desejo de ser um povo independente.

Proclamada a tal independência, várias regiões do Brasil preferiram continuar sendo colônia de Portugal. E foi preciso guerra para mantê-las unidas ao Brasil. Mais um equívoco – acabamos sendo um país imenso, difícil de administrar, com a maioria da população distante do poder e com gigantescas diferenças entre regiões.

Aqui no sul eu (e muitos) tenho certeza de que trabalhamos para pagar impostos para sustentar não só o esquema de corrupção mas, também, as regiões norte e nordeste.

Eu estava no Pará no final de semana e tive oportunidade de ler os jornais de lá. Constatei que na visão deles a região norte existe apenas para ser explorada em benefício do “sul maravilha”.

Talvez ambos os lados tenham razão. O equívoco está na origem – regiões tão distintas jamais poderiam compor um mesmo país. Fosse o Brasil dividido em pelo menos três nações distintas, tenho certeza que todas as três estariam melhores sozinhas do que estão como penduricalhos de um mesmo país.

Entre os diversos equívocos históricos deste nosso território está o fato de nunca ter sido dado o devido valor à educação. Este é um equívoco que temos conseguido aumentar com o tempo, uma vez que a educação passa a cada momento a ser mais objeto de proselitismo político e menos realidade nas salas de aula.

A mistura de um povo preguiçoso, malandro e ignorante com o sistema de voto popular foi a fórmula que gerou a bomba que ora explode em nossas mãos. Como aqueles que estão no poder só estão em função de miséria e ignorância do povo, é evidente que suas ações somente terão como objetivo ... preservar este estado de miséria e ignorância. Por mais que os discursos digam que “nunca antes”. Seria até contra a natureza humana que nossos governantes fizessem alguma coisa que colocasse em risco a sua própria permanência no poder.

Um povo malandro, acostumado com pequenas malandragens na sua vida cotidiana, acabou por ser tolerante com a corrupção observada no poder público, afinal todos (ou quase todos) pensam que se estivessem lá fariam a mesma coisa. Desta forma, com oceanos de dinheiro público correndo para os bolsos de poderosos e de amigos de poderosos, acabamos por ser um país com uma das maiores cargas tributárias do mundo, mas sem saneamento básico, sem estradas, sem saúde pública, sem escolas, sem segurança, sem nada. Para um povo com baixa auto-estima, está bom como está.

Se há algo de “nunca antes” neste mundo, são as transformações que a humanidade irá observar no futuro muito próximo. Vejo duas delas como extremamente relevantes – a migração do eixo de poder dos EUA/Europa para a China e o fundamentalismo islâmico. Ambos os processos significam, na prática, o fim da vida como a conhecemos. Sim, a vida que conhecemos é aquela baseada nos valores da civilização ocidental, valores estes que não são compartilhados pela civilização oriental, nem pelos extremistas muçulmanos. Assim, nós ocidentais já entramos neste novo jogo condenados a sermos apenas espectadores ... ou vítimas.

Um país que é em si um grande equívoco histórico, de imensas extensões territoriais, fraco, desorganizado, corrupto, povoado por gente preguiçosa, malandra, ignorante e com baixa auto-estima tende a ser visto pelo novo poder global apenas como uma grande fazenda. E o destino de seus habitantes talvez seja trabalhar como peões de chineses...

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