Pesquisar este blog

terça-feira, 29 de junho de 2010

Adoção

Ontem à noite terminei o curso para pretendentes à adoção. Agora já estou definitivamente certificado e, com este certificado em mãos, posso oficialmente entrar na fila de espera. Segundo informaram no curso, apenas para formalização da inscrição na fila de espera pode levar mais 3 ou 4 meses, muito embora todas as etapas que habilitam para inscrição na fila já tenham sido completadas.

Após a inscrição na fila, a espera deverá ser de alguns anos. Eu calculo uns 3 anos, pelo menos. Vou acabar sendo avô, sem passar pela experiência de ser pai...

No próprio curso os instrutores sempre ressaltaram que a fila está cada vez mais longa, que há poucas crianças disponíveis para adoção, e que cada vez mais famílias se candidatam à adoção.

No curso participou uma assistente social que trabalha num lar de crianças e relatou um pouco da sua experiência. Segundo ela, a desconstituição do pátrio poder é muito demorada no Brasil. No lar em que ela trabalha há 19 crianças, sendo que apenas 4 estão disponíveis para adoção. Segundo ela, a lei e os juízes de família determinam que sejam realizadas todas as tentativas possíveis e imagináveis para que as crianças sejam reintegradas às suas famílias biológicas e ela, como assistente social, atua na linha de frente deste processo.

Indagada sobre o índice de sucesso dessas reintegrações, informou que é muito baixo, que as famílias ficam um tempo com as crianças e tornam a devolvê-las para o abrigo. Em muitos casos, uma criança é reintegrada, e, quando devolvida, já vem com um irmão, e depois com dois, e assim por diante...

Quando finalmente esgotam-se as tentativas de reintegração e ocorre a desconstituição do pátrio poder, a criança já está com 8, 9 ou 10 anos, ou seja, já passou da faixa etária que a maioria das famílias adotantes pretende (no meu caso específico pretendo até 4 anos). E levarão consigo o trauma da rejeição: “ninguém me quis”.

Não exerci ainda juízo de valor completo sobre o que vai comentado acima, mas não posso deixar de ver a atuação do estado, em alguns casos, como uma forma de condenação à própria criança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário