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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Copa em São Paulo

A quem interessa sediar copa e olimpíada? Aos desdentados que pulam pelas ruas para festejar o anúncio de que seremos sede, mas que não possuem dinheiro sequer para se aproximar dos eventos esportivos elitistas?

O caso dos jogos panamericanos do Rio em 2007 nos ensinam que ser sede de eventos esportivos interessa a políticos e empreiteiros.

Por baixo dos panos, corre dinheiro privado para robustecer as campanhas brasileiras para sediar tais eventos. Tão logo sai o anúncio de que, sim, seremos sede, o fluxo se inverte e é o dinheiro público que passa a jorrar nos cofres privados. Com isso, os desdentados que pulam pelas ruas continuam desdentados, sem saúde, sem saneamento, sem educação e sem as condições elementares da dignidade humana. Já os empreiteiros e os políticos, com seus sorrisos cínicos e seus abdomens imensos, ficam mais ricos e passam a alimentar o sistema financeiro mundial – Suiça, Caiman, Bahamas, Isle of Men, e outros locais menos badalados.

Sempre foi assim, sempre será, enquanto não criarmos vergonha na cara. E não há indicação de que criaremos tal vergonha tão cedo.

No caso da copa, dirigentes de clubes sem estádio vislumbram a oportunidade de finalmente ganharem suas “arenas”, por conta da viúva. E correm a se aliar àqueles que tem o poder de decidir. Em troca da “arena” se dispõem, até, a tentar convencer suas torcidas a votar em Dil-má...

Ontem houve o anúncio da exclusão do estádio do Morumbi como palco da copa. Se São Paulo não quiser ficar sem copa, deverá construir um novo estádio, dizem os poderosos da Fifa, preocupados com a qualidade do uísque dos empreiteiros tupiniquins.

Governador e prefeito de São Paulo dão declarações que considero únicas na história nacional, declarações quem vem em linha com aquilo que imagino para o meu país, declarações que, se maioria fosse, talvez tivessem o poder de efetivamente nos colocar no caminho do desenvolvimento.

E o que declaram?

Declaram que São Paulo deseja, sim, ser sede da copa, mas desde que isto não implique gasto de dinheiro público.

Esta declaração passa quase desapercebida no meio do noticiário da bandalheira nacional. Nossa imprensa, associada à criminalidade ora reinante, não dá a merecida divulgação ao fato inédito – políticos que estão mais preocupados em preservar o dinheiro público do que em “jogar para a galera” e encher as burras de dinheiro.

Fôssemos um país decente e o governador Alberto Goldman e o prefeito Kassab estariam sendo carregados nos ombros pela população. Mas não somos.

Em outubro haverá eleições para o governo de São Paulo. Nada indica neste momento que o PSDB será derrotado no estado. Se ocorrer a derrota, com vitória do PT, já sabemos o que ocorrerá – o dinheiro público vai sair, o novo estádio será construído e, após a copa, darão um jeito de transferir o complexo para um famoso clube sem estádio. Sairão todos felizes – políticos, empreiteiros e dirigentes esportivos, enquanto os desdentados dançarão samba nas ruas para comemorar.

Se o PSDB vencer, como é provável, tenderá a manter a sua decisão de não colocar dinheiro publico no evento. A pressão contrária, no entanto, será tremenda. Se resistir, o patrimônio público sairá fortalecido, mas não se verá nenhum desdentado sambando nas ruas...

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