segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
De Igor Gielow
"Como incógnita que ainda é na figura de presidente, Dilma Rousseff passa por um processo de construção de imagem. Duas semanas não são dois anos, claro, mas já é visível o esforço da camarilha em montar um híbrido: uma presidente diferente de Lula, mas que possa surfar na popularidade do antecessor. Não é tarefa fácil. Até as emas do Alvorada sabem que Lula, como figura midiática, talvez seja um episódio único. Felizmente: nem os petistas disfarçam o alívio de não ter de tratar diariamente com o ego monstruoso e a balbúrdia comunicativa do antigo chefe. O fato é que está em curso a venda da imagem da "gerentona", dura nas cobranças, que marca reuniões de modo a obrigar sua equipe a trabalhar como todo mundo até o fim da semana. E tudo com cara de novidade, como se Dilma não tivesse integrado a era Lula. E, veja só, ela também "exige" padrões éticos impecáveis. Espera-se que não ela não tenha em mente Erenice Guerra, aliás presença ilustre na sua posse, quando fala nisso. Fora a piada pronta de colocar Antonio "caseiro Francenildo" Palocci como o menino do recado. Aqui e ali são vistos elogios inflamados à visita da presidente ao Rio sob o signo da tragédia. Ponto para Dilma, claro, por não repetir o roteiro covarde de Lula. Mas vamos combinar: ela fez apenas o que se espera de qualquer governante. Sob a aura da suposta eficácia discreta escondem-se também cacoetes da formação comunista de Dilma. Ordem unida, comitês setoriais, silêncio sobre divergências, uma agenda cheia de secretismos -até a bandeira da Presidência já não servirá de indicador de paradeiro. Parece coisa de aparelho, que, somada a um aparente desprezo da relação com o Congresso, tende a gerar ressentimentos. Dilma tem gordura lulista para queimar enquanto tenta se afirmar. A dúvida é por quanto tempo."
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