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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Pobre empreendedor brasileiro...

Creio que os leitores deste blog sabem que governos não criam nada, apenas destroem a riqueza criada pelo trabalho dos outros. Esta observação apenas é suficiente para apontar o destino ao qual nos condena a expressão “estado forte” – a pobreza, uma vez que a “força” do estado é sugada das energias daqueles que trabalham.

Ser empreendedor no Brasil é um ato heróico. Muitos (muitos mesmo) já compreenderam isto. E como não possuem vocação para Madre Theresa de Calcutá, já migraram suas produções para a China. A cada decisão dessas, o Brasil fica com menos empregos, menos riqueza e menos futuro.

Mas como criticar esses empreendedores? Se eu fosse fabricante de algum produto (qualquer produto) já estaria na China há muito tempo.

Como certeza os empreendedores que migraram suas produções são empresários que lutaram, lutaram, lutaram, e cansaram de bater sempre de frente contra um muro – que é a burocracia estatal brasileira.

Aonde José Serra passou como prefeito e governador pisou fundo no acelerador da burocracia estatal, criando uma espécie de guerra não-declarada contra os empreendedores paulistas e paulistanos. É o velho pensamento socialista de Serra que se por um lado já evoluiu para não pregar mais a extinção da propriedade privada, por outro ainda percebe como inimigo a ser combatido quem empreende e produz.

Em 2010 eu comecei o ano como “anti-serrista” convicto, e ao longo do ano me transformei em “serrista desesperado”, face à possibilidade de uma vitória de Dilma. Dilma ganhou, fiquei triste e desesperançado, mas no fundo sei que se o eleito tivesse sido Serra a realidade para os empreendedores teria sido a mesma – apanhar permanentemente, talvez até mais.

Alckmin acaba de assumir o governo de São Paulo e já deu o tom – mais burocracia para os empreendedores. Beto Richa, governador tucano do Paraná, não quer perder a guerra de egos travada dentro do partido e já avisou (através de medidas) – empreendedores serão tratados a porrete no Paraná.

Sempre que percebo autoridades governamentais imbecis atuando no combate a quem trabalha, produz, gera emprego, impostos e renda no país, eu digo – vão acabar com as empresas no Brasil e transformar isto aqui num grande Sudão.

“Exagerado”, dizem, “você fala isto há anos e o Brasil continua aí”, complementam.
É que um país não acaba de um dia para o outro, é um processo. Mesmo com uma série de governantes inaptos, o país segue em frente, só que cada vez mais fraco. Nem com a Argentina os governantes de lá conseguiram acabar de vez...

Mas se quisermos observar um velocímetro da velocidade com que o país está sendo “sudanizado” , um “sudãcímetro”, poderíamos observar a velocidade com que cresce a importação de produtos industrializados chineses. Não sou a favor do fechamento da economia, com a volta do país à década de 1980. Sou contra, sim, a competição em condições totalmente desiguais. Ao produtor da China cabe apenas combater os concorrentes. O produtor brasileiro tem que combater em dois flancos – enfrenta concorrentes e o nosso próprio governo.

Fiz uma rápida pesquisa na internet. Queria localizar o crescimento ano a ano das importações de produtos chineses. Não achei. Mas encontrei alguns comentários:

“Os produtos made in china dobraram sua participação nas importações brasileiras nos últimos cinco anos e, hoje, já respondem por 14,5% da pauta de compras do Brasil no exterior. No acumulado em 12 meses até agosto, as vendas chinesas ao Brasil já somavam US$21,4 bilhões. Em 2005, os produtos chineses eram apenas 7,3% das importações brasileiras. Segundo estudo divulgado ontem pelo BNDES, o maior avanço da China - que já é o principal fornecedor de produtos ao Brasil - foi nos bens intensivos em tecnologia e em mão de obra.”

“O estudo, dos economistas Fernando Puga e Marcelo Nascimento, aponta que o crescimento das vendas chinesas, modestas em produtos intensivos em recursos naturais - como alimentos, combustíveis e indústria extrativa -, foi exuberante em produtos intensivos em trabalho, como têxteis, vestuário, couro e diversos (como brinquedos). Nessa categoria, os chineses respondiam por 24,3% das importações brasileiras em 2005 e, agora, detêm 39,1%.”

“MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA

Sonho do setor cafeeiro do Brasil: ver cada chinês tomar uma xícara de café por dia.

Tradicionais consumidores de chá, os chineses elevariam o consumo global de café de 135 milhões para 200 milhões de sacas ao ano se isso ocorresse. O Brasil, maior produtor mundial de café, colheria os frutos.

Esse cenário não parece impossível, mas está longe. Impossível mesmo seria imaginar a China exportando café torrado e moído para o Brasil. É o que passou a ocorrer no semestre passado. A quantidade ainda é pequena, e os chineses estão experimentando o mercado.”

“Tudo indica que as empresas brasileiras, que vinham aumentando suas importações de bens intermediários já há algum tempo, agora estão importando mais bens de consumo duráveis prontos que, antes, eram montados no Brasil.”

E assim, com Serras e Alckmins da vida, além da gestão federal petista, o Brasil segue célere no processo de atingir índices africanos de desenvolvimento.

Quanto aos empreendedores, o último que emigrar que apague a luz...

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