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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

De MIlton Simon Pires

Foi na década de 1960 que isto ocorreu. Na filosofia imperava a desconstrução. Derrida, Deleuze, Foucault, entre outros questionando a própria linguagem, reduziram aquilo que havia de racional na comunicação a uma simples manifestação de uma verdade maior – uma verdade simbólica incapaz de ser alcançada tanto pelo homem comum quanto pelo intelectual “não engajado”. Só era considerada arte aquela manifestação capaz de promover “transformação social”. Foi dessa linha de pensamento que surgiram as condições necessárias para que Sabiá, em 1968 fosse vaiada por uma plateia que preferiu um hino maoísta, Para não dizer que não falei de Flores, como vencedor do Terceiro Festival Internacional da Canção. Esse foi, na minha opinião, um momento crucial na história da arte brasileira. Ao vaiar a obra-prima de Tom Jobim, o público brasileiro fazia uma profecia – dali em diante poderia se esperar de tudo: desde Valesca Popozuda até o Bonde do Tigrão abriu-se a lata de lixo da MPB. Ao mesmo tempo agonizavam o cinema, o teatro e as artes plásticas. A geração de 1968 conseguiu acabar com toda necessidade de recolhimento e do esforço de um verdadeiro artista quando pretende alcançar o belo e desde aquela época até hoje o que se assiste num país com a riqueza cultural do Brasil é um festival de obscenidades e uma mediocridade incrível que prima por chocar e agredir.

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