Pesquisar este blog

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Paraíso socialista

Atenção! Os trechos abaixo, sobre a União Soviética, não são para pessoas fracas. Se você não for esquerdista, jornalista, intlectual ou artista pode ficar chocado. Portanto, se resolver ler, leia por sua conta e risco.

"Os camponeses tinham matado seus animais (ou os perdido para o estado), tinham matado suas galinhas, seus gatos e cachorros. Tinham passado a caçar pássaros. Os seres humanos tinham desaparecido também, se tivessem sorte; mais provavelmente eles estavam mortos, ou fracos demais para fazer algum ruído. Apartados da atenção do mundo por um estado que controlava a imprensa e a movimentação dos jornalistas estrangeiros, apartados da ajuda oficial ou da solidariedade por uma diretriz do partido que equacionava fome como sabotagem, apartados da economia devido à extrema pobreza e aos planejamentos injustos, apartados do resto do país por regulamentos e pelos bloqueios policiais, as pessoas morriam sozinhas, as famílias morriam sozinhas, aldeias inteiras morriam sozinhas."

Página 76.

"Alguns pais demonstravam amor pelos filhos tentando protegê-los, trancando-os em chalés para evitar que fossem devorados por bandos de canibais itinerantes."

Página 79.

"Inúmeros pais mataram e comeram seus filhos e depois morreram de fome assim mesmo. Uma mãe cozinhou o filho para si e sua filha. Uma menina de 6 anos, salva por outros parentes, viu o pai pela última vez quando ele estava afiando uma faca para matá-la. "

Página 80.

"As pessoas boas morriam primeiro. Aquelas que se recusavam a roubar ou se prostituir morriam. Aquelas que davam comida para os outros morriam. Aquelas que se recusavam a comer cadáveres morriam. Aquelas que se recusavam a matar seus semelhantes morriam. Os pais que resistiam ao canibalismo morriam antes de seus filhos."

Página 80.

"Os meninos e as meninas ficavam deitados sobre lençóis e cobertores, comendo o próprio escremento, esperando para morrer."

Página 81.

"Um dia, as crianças ficaram subitamente silenciosas, nós procuramos saber o que estava acontecendo e as vimos comendo o menor de todos, o pequeno Petrus. Elas rasgavam sua pele e a comiam. E Petrus fazia o mesmo, arrancando suas feridas e as comendo com voracidade. As outras crianças encostavam os lábios em seus ferimentos e sugavam o sangue. Levamos o menino dali, livrando-o das bocas famintas e começamos a chorar."

Página 81.

"Coveiros eram pagos segundo a quantidade de corpos recolhidos, o que levava a certos abusos. Eles arrastavam os fracos junto com os mortos e os enterravam vivos. Eles costumavam conversar com essas pessoas no caminho, explicando aos famintos que eles morreriam em breve de qualquer maneira, portanto, que diferença fazia? Em poucos casos essas vítimas conseguiram escavar e escapar das covas razas. Por sua vez, os coveiros se enfraqueciam e morriam, seus corpos ficando estendidos onde haviam caído. Como lembraria depois um agrônomo, os corpos eram então devorados pelos cães que tinham conseguido escapar antes de serem comidos e haviam voltado ao estado selvagem."

Página 82.

"O recensseamento de 1937 constatou que existiam 8 milhões de pessoas a menos do que o progetado, a maioria delas vítima da fome. Stalin suprimiu esses dados e fez com que os demógrafos responsáveis fossem executados."

Página 83.

Trechos do livro Terras de Sangue, de Timothy Snyder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário