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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Eu sou um banana

Getúlio Vargas dizia (e o PT pensa da mesma forma) - aos amigos, tudo. Aos inimigos, nada. Aos indiferentes a Lei.

De certa forma, é assim que a estrutura social contemporânea divide as pessoas (mesmo que inconscientemente) - aos amigos, tudo. Aos inimigos, nada. Aos bananas, a Lei.

E eu, infelizmente, faço parte do grupo dos bananas.

O banana é um otário, um idiota, um imbecil. Mas são os bananas, em conjunto, que permitem a existência desta aparência de civilização que ainda desfrutamos.

O banana é o sujeito que respeita o limite de velocidade no trânsito, enquanto os espertos só respeitam seus próprios horários e sua vontade de chegar mais cedo ao destino.

O banana é o sujeito que fica horas parado no congestionamento na volta do feriadão, enquanto os espertos passam pelo acostamento e vão embora.

O banana, quando comete alguma irregularidade, paga a multa. O esperto paga a cerveja.

O banana calcula e paga seus impostos em dia. Os espertos viram doadores de campanha...

O banana registra sua empresa no Brasil. Os espertos registram no Panamá.

O banana não é bem relacionado, não tem amigos importantes, não conhece ninguém influente. Assim, para o banana não existem atalhos, nem jeitinhos. Resta-lhe somente cumprir as leis e as regras, e leis e regras são criadas com o objetivo de tornar ainda mais difícil a vida dos bananas.

Por exemplo:

- Golpistas dão golpes no sistema financeiro diariamente, mas as portas dos bancos e as linhas de crédito nunca se fecham para eles. Já para os bananas ... sou cliete do Banco Itaú há quase 25 anos, e neste 1/4 de século sempre honrei meus compromissos rigorosamente em dia. Recentemente precisei de um crédito imobiliário, por conta de um imóvel que a construtora estava me entregando. Em função do meu histórico de relacionamento com o banco, e pelo fato de o financiamento imobiliário ser de baixo risco, ingenuamente achei que seria só chegar lá e pedir. Doce ilusão, o caminho para os bananas é sempre mais tortuoso. O banco levou mais de duas semanas analisando o caso, nesse período nem respondia meus e mails e, quando finalmente responderam que sim já havia passado o prazo que eu tinha para posicionar a construtora. O HSBC, onde também tenho conta, sequer respondeu meu e mail inicial ...

- Sem conseguir o crédito imobiliário no prazo que eu precisava dar uma resposta, só me restou a alternativa de acertar diretamente com a construtora o saldo devedor. Fiz as contas e concluí que, raspando as reservas e apertando o cinto, consigo pagar o saldo em 3 parcelas mensais. E apresentei a proposta para a construtora: pago em 3 parcelas, com juro, e vocês só me entregam a chave na quitação Achei que seria barbada, mas esqueci que sou um banana. Resposta da construtora, simples e objetiva: "Não!". Mas eis que lamentei a situação para um amigo, e este amigo conhecia alguém na diretoria da tal construtora, e miraculosamente no dia seguinte recebi nova resposta; "Sim!". Meu amigo não é um banana.

- Neste momento estou tentando locar um pequeno conjunto comercial num bairro afastado. Valor da locação mensal: R$350,00 (só isso, não esqueci de digitar um zero). Com a minha renda e a minha declaração de imposto de renda, achei que seria só chegar lá, ser recebido com cafezinho, e sair com o negócio fechado. Doce ilusão, esqueci que sou um banana. Estou desde 2a feira apresentando documentos e mais documentos, e discutindo com assistentes semianalfabetas da imobiliária e da seguradora.

É, sem bananas não existiria a civilização, mas que a vida de um banana é triste, ah, isso é...

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