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terça-feira, 31 de maio de 2011

Isenção na mídia, por Reinaldo Azevedo

"Há alguns temas, entrevistáveis, em que é grande a chance de você quebrar a cara e ser usado só para passar a impressão de que seus adversários têm razão; vale dizer: serão uns 12 do outro lado contra você, que passa por maluco. Darei exemplos:

Mudanças climáticas (antigo “aquecimento global”) - se você não for um apocalíptico e não anunciar o fim do mundo, será minoria na reportagem ao menos;
Código Florestal - se você for do tipo que acha que o texto de Aldo Rebelo é bom, cuidado! Haverá um batalhão (mais Anhangá, Curupira, a Cuca e a Marina Silva) contra um só;
Declaração unilateral de independência do estado palestino - se você não for a favor, a chance de que o chamem para explodir a sua reputação é enorme;
Kit gay nas escolas - qualquer restrição que você tenha à proposta, se a imprensa o chamou, é para caracterizá-lo como um pterodáctilo raivoso.

Assim, o melhor a fazer, acreditem, é deixar que eles dividam sozinhos as batatas. Um fala, e o outro reforça, e todos se lambuzam numa espécie de autoerotismo do progressismo. Ou exija garantias de que vão lhe dispensar um tratamento digno.

Essa é a forma que o pluralismo tomou no nosso tempo. Discordar virou mero formalismo, um resquício de fase superada da civilização, mais ou menos como aquele ossinho do cóccix indica que a gente já teve rabo um dia. Discordar é para macacos e seres inferiores. O que faz a civilização é a ausência de divergência, é a unanimidade em defesa do bem!"

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