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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Titanic

Estar no Brasil é mais ou menos como estar no convés do Titanic. Ali na frente, escondido na neblina, tem um iceberg, mas o clima aqui no convés é festivo.

No sábado minha esposa foi compra um pijama na loja Renner (made in Bangladesh). Enquanto ela escolhia o modelo, dei uma caminhada pela seção masculina. Não encontrei nenhuma peça que não tivesse “feito na China” na etiqueta. Até os cachecóis eram chineses...

A Renner é uma das maiores varejistas de roupas no Brasil. Creio que a situação nos outros grandes varejistas não seja diferente. Aliás, entrar numa grande loja no Brasil está parecendo com entrar em uma loja nos Estados Unidos, não se encontra nada feito no próprio país. A diferença é que antes de iniciar este ciclo de decadência os EUA foram o país mais rico do planeja. Já o Brasil inicia o ciclo sem ter deixado de ser pobre.

Sim, senhores, não há como sustentar o enriquecimento de uma economia sem produção. É a indústria que gera empregos em quantidade suficiente para melhorar o padrão médio de renda da população. Só o comércio não segura uma economia, e a agricultura já é substancialmente mecanizada.

Vivemos mais um festivo vôo de galinha, só que desta vez o tombo poderá ser pior, pois em nossos vôos de galinha anteriores não havia o fator China.

Setores de mão de obra intensiva migram para a China: brinquedos, sapatos, roupas, eletrônicos. A bola da vez me parece ser a indústria automotiva. Sim, por um lado temos as marcas chinesas atacando o mercado. Por outro lado, temos uma elevação do custo da produção nacional. Na revista Exame desta semana um executivo da Renault diz que serão concluídos os investimentos que já estavam planejados para sua unidade brasileira mas, a partir daí, não se investe mais no Brasil, pois a indústria não comporta mais pagar o nível de salários que atualmente se pratica no país.

É senhores, a casa está caindo. Mas como a produção migra em massa para a China e, ao mesmo tempo, desfrutamos de um dos menores índices de desemprego na nossa história? Bom, minha opinião é que o fenômeno da exportação de empregos está sendo mascarado por outro fenômeno artificial e temporário – a explosão na construção civil.

A construção civil vive uma euforia sem precedentes, e absorve toda a mão de obra disponível, garantindo o nível de emprego. Mas é um fenômeno artificial, pois se os bons empregos migram para a China e para outros países, quem vai sustentar a demanda interna por imóveis a médio e longo prazos?

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