Pesquisar este blog

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A interpretação do outro

Vajam a notícia da Veja.com. Grifei um trecho. Comento na sequência.

"O Irã responderá a todas as ameaças militares ou petroleiras com suas "próprias ameaças", advertiu nesta sexta-feira o guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, em um discurso durante a oração de sexta-feira na Universidade de Teerã. A declaração acontece um dia após o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, afirmar que Israel poderá tomar a decisão de atacar o Irã no segundo trimestre deste ano.

"As ameaças se transformarão em desvantagens. Ante as ameaças de guerra e as ameaças petroleiras, nós também temos nossas próprias ameaças, que serão aplicadas no momento adequado, se for necessário", disse Khamenei. "Eles nos ameaçaram dizendo que 'todas as opções estão sobre a mesa', mas toda guerra será dez vezes mais prejudicial para os Estados Unidos que suas ameaças, que nos fazem para mostrar sua impotência", acrescentou o número um iraniano no discurso pronunciado por ocasião do 33º aniversário da revolução de 1979."

Comento: diversas negociações precederam a 2a guerra mundial. França e Inglaterra interpretavam as negociações como "esforços pela paz". Já Hitler as interpretava como "sinais de frouxidão". Quanto mais negociavam, mais Hitler se sentia forte, e mais agressivo ele se tornava. O resultado da coisa ficou em 60 milhões de mortos e domínio comunista sobre a metade do planeta durante mais de 4 décadas (hoje eles dominam o mundo quase todo...).

Neste caso os tais "esforços pela paz" nada mais faziam do que reforçar as convicções de Hitler sobre a fraqueza dos adversários, e torná-lo mais belicoso.

Já há bastante tempo tenho percebido que os povos muçulmanos interpretam as atitudes dos ocidentais da mesma maneira, como sinais de fraqueza. Por exemplo, quando o governo do Irã prende militares ingleses que estão próximos à costa iraniana eles, iranianos, esperam uma reação militar do adversário. Como a reação não vem, interpretam como fraqueza. Já os ingleses permanecem na linha dos "esforços pela paz". Foi assim com o louco de ontem, é assim com os loucos de hoje.

O trecho grifado parece ser a comprovação do que eu penso. Para o ayatolá as ameaças americanas são sinais de impotência, pois se potência tivéssem, atacariam. Seria o que o Irã faria se a situação fosse inversa. Se o Irã fosse a potência nuclear e os EUA fossem a ameaça, os iranianos não perderiam tempo com ameaças, simplesmente destruiriam o adversário.

Desta forma, creio que as ameaças americanas produzem nos ayatolás os mesmos efeitos dos "esforços pela paz" do passado, ou seja, lhes conferem mais certezas quanto à fraqueza do adversário e reforçam suas convicções de prosseguir desenvolvendo um arsenal nuclear. Enquanto os ocidentais fazem discursos os iranianos fazem bombas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário