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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu, o chato

Eu sou daqueles chatos, que ainda acredita que cliente tem direitos, merece ser bem tratado. Numa época em que respeito ao cliente virou apenas uma frase vazia a decorar as paredes das empresas, junto com outras afirmações vazias que as empresas ignoram, vivo me incomodando. Arrumo confusão em muitos dos lugares que freqüento. As pessoas não conseguem entender. Pensam: “como este otário ousa achar que tem algum direito aqui?”. Coisas dos tempos modernos.

Em novembro do ano passado fui ao shopping de minha preferência, peguei o trajeto de sempre dentro do estacionamento para ir ao local onde gosto de deixar o carro e ... dei de cara com um tapume. O shopping havia alterado o trânsito interno do estacionamento e, é claro, ninguém sequer pensou em colocar algo como “atenção senhores usuários, os acessos mudaram”. Para quê perder tempo com cliente?

No domingo à tarde me dirigi ao mesmo shopping, peguei o “novo” acesso (já faz um ano que mudou), contornei o shopping e ... dei de cara com um segurança apitando enlouquecidamente. Parei o carro, torcendo para que o referido segurança não abrisse fogo contra mim, tamanho era o seu desespero no apito. Ele se aproximou e perguntei o que havia de errado. “O acesso mudou, não é mais por aí, você está na contramão”. “Mudou, como?”. “Voltou a ser como era antes, agora para ir aonde você quer tem que voltar todo o caminho e contornar o shopping pelo outro lado”.

Fazer tudo isto que o segurança me disse custaria cerca de 5 minutos. Não é muito, mas, como disse, sou daqueles (poucos) chatos que acham que cliente tem direito, no mínimo o direito de ser respeitado. Mais uma vez os acessos foram alterados e nada de plaquinha: “atenção senhores clientes, os acessos mudaram”.

Pensei nos cerca de R$1.500 que eu iria deixar no shopping em função das coisas que pretendia comprar, e fui embora. O meu dinheiro eles perderam desta vez. Mas enquanto eu deixava o shopping, outros 30 ou 40 clientes chegavam, dando razão à visão moderna de que respeito ao cliente (na prática) é bobagem.

Agora, se parcela relevante dos consumidores resolvesse se fazer respeitar...as relações de consumo ficariam bem diferentes do que são.

Como consumidor (chato que sou) também uso o meu limitadíssimo poder de compra para evitar consumir coisas que estejam ligadas ao outro lado da força. Por exemplo, determinada loja de eletrodomésticos pertence a determinado empresário que é ligado a determinada candidatura? Não compro mais nada nesta loja. Determinado artista famoso acha que as práticas ilícitas de determinado governo são justificáveis? Deixo de assistir os seus filmes. Determinada sambista marrom acha que nunca antes na história deste país? Não compro mais os seus discos. Determinada editora acha que o critério para concessão do Prêmio Jabuti deve ser ideológico? Não compro mais livros desta editora.

O efeito do que comento acima é ... nenhum, pois uma andorinha não faz verão. Agora, se 44 milhões de brasileiros passassem a agir desta forma, garanto que teríamos a oportunidade de viver num país bem melhor.

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