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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Socialização do prejuízo

O que faz uma família normal quando suas despesas ameaçam ultrapassar o limite do orçamento doméstico? Se forem pessoas conscientes, apertam o cinto e reduzem as despesas, para que elas caibam no orçamento. Se forem irresponsáveis, seguem gastando, e usam o endividamento para fechar a conta entre tamanho do orçamento e tamanho das despesas. Passam então a pagar juro sobre este endividamento (mais despesas) e logo se vêm em meio a um oceando de dívidas do qual não conseguem sair.

Vem a inadimplência e os credores começam a executar as dívidas, e vão tirando bens que essas pessoas eventualmente possuam. Ao final do processo, geralmente terminam sem nada - sem dinheiro, sem bens e sem crédito na praça.

A realidade dos governos, apesar de mais complexa é, essencialmente, a mesma. Quando as despesas públicas ultrapassam as receitas, os governos responsáveis seguram as despesas.

Mas vocês conhecem governo responsável?

Então, a maioria dos governos simplesmente ignora a realidade, e passa a viver não só das receitas públicas mas, também, dos ingressos decorrentes de endividamento público. Parece até que quanto pior é a situação de caixa, mais benesses os governantes distribuem.

A partir daí o orçamento público, que não é suficiente para pagar nem as despesas correntes, passa a ter que pagar também a dívida. Como os gastos só crescem, esta conta não fecha nunca. Logo, os governos se endividam para pagar não só despesas correntes mas, também, para pagar dívidas que estão vencendo. É assim no Brasil, é assim na administração Obama.

E de onde vem o dinheiro que é emprestado ao governo? Cai do céu? Você, cidadão comum, acha que não tem nada a ver com isso? Está enganado.

lembra daqueles R$500,00 que conseguiu economizar com muito sacrifício e aplicou num fundo de renda fixa do seu banco? pois bem, o senhor pensa que o seu dinheiro está nas mãos do seu banco de confiança, mas está enganado. Tão logo o seu banco recebe o seu dinheiro em aplicação, ele imediatamente compra títulos públicos. Logo, o senhor, sem saber, passa a ser credor do governo. Eu sou, provavelmente todos os leitores também o sejam.

O esquema de funcionamento do endividamento público funciona mais ou menos como as famosas maracutaias, digo, como as famosas pirâmides. Enquanto há mais gente disposta a emprestar para o governo do que gente resgatando sua dívida, o sistema é perfeito. Mas...nenhuma pirâmide dura para sempre...

O endividamento público interno do Brasil, segundo informações que colhi na internet, anda na faixa de 1 trilhão e 800 bilhões de reais. É isso mesmo, não tem erro de digitação. Com selic na faixa de 10% a.a., isto significa que só a conta anual de juros fica na faixa de R$180 bilhões anuais.

Estou convencido que os grandes investidores são idiotas, mas não são idiotas para sempre. Mesmo que em ritmo de câmera lenta, em algum momento a ficha deles começa a cair e percebem que a dívida começa a ficar grande demais, pensam que tem copa e olimpíada pela frente, o que significará mais dívida pública e...começam a resgatar as suas aplicações e proteger o seu dinheiro.

Feito isto, a pirâmide está liquidada, e resta ao governo comunicar ao distinto público que a festa acabou e que não vão poder pagar o que devem. Como fez o governo argentino em passado recente. Como os grandes tubarões já terão pulado fora a esta altura do jogo, para quem sobra o mico? Sim, para mim, para você e para os milhões de pequenos e médios poupadores que sempre são chamados na hora de socializar os prejuízos.

Desta forma, a partir do dia 2 de janeiro de 2011, não terei mais nenhum centavo aplicado em fundos de renda fixa lastreados em títulos públicos.

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