Vejam a informação do site da Veja.com:
"As suspeitas de que uma obra irregular esteja ligada ao desabamento de três edifícios no centro do Rio, na noite de quarta-feira, ganharam força na tarde desta quinta-feira. Funcionários e pessoas que frequentavam o edifício Liberdade, na Av. Treze de Maio, 44, relatam que, na obra que era realizada no 3º andar, as paredes e as colunas foram removidas.
Sócia de uma filial da BV Cred, ligada ao Banco Votorantim, Tereza Andrade disse, ao site de VEJA, que ela e colegas de trabalho estranhavam a remoção de estruturas do 3º andar, em uma intervenção que durava aproximadamente seis meses. “A porta do elevador abria e víamos que não havia mais paredes. Todos ficaram espantados, mas ninguém fez queixa formal. Nós nos perguntávamos como permitiram uma obra assim”, disse."
Comento: agora que aconteceu uma tragédia desta proporção as autoridades aparecerão com semblantes sérios, testas franzidas, expressões enérgicas, prometendo medidas, punições, etc. A malta ficará feliz com seus governantes, e nada será feito.
Lendo o depoimento acima, lembrei da minha própria experiência, e acho que ela ilustra bem como as coisas funcionam. Vou narrar para os leitores:
Meu escritório ocupa todo o segundo andar de um edifício comercial. Em 2009 o terceiro andar entrou em obras. Por coincidência, no caso relatado acima as obras também eram no terceiro andar.
Mas, enfim, todas as paredes foram removidas e, num dia que subi até lá para ver o que estavam fazendo, observei que estavam também quebrando partes dos pilares de sustentação do prédio (que tem 18 andares). Apavorado, fotografei tudo, imprimi as fotos, e parti para tomar providências.
Minha primeira parada foi na administração do condomínio. Mostrei as fotos, alertei, exigi providências, mas não consegui sensibilizar ninguém, nem a síndica.
Parti então para o CREA. Como órgão responsável pela atuação dos engenheiros, deveria fiscalizar se alguém está colocando em risco a estrutura de um edifício. Nada feito, no CREA me informaram que não era problema deles.
Fui então à Prefeitura. Lá ninguém demonstrou muito interesse pelo assunto mas, entediados, disseram que eu poderia formalizar uma denúncia, colocando meu nome e todos os dados. Ocorre que a obra do terceiro andar era para um advogado figurão, e eu não queria iniciar uma guerra franca com o sujeito. Insisti com o pessoal da Prefeitura dizendo que era responsabilidade do poder público agir, independentemente de denúncia, pois eram vidas humanas que estavam sendo colocadas em risco. Ninguém se sensibilizou.
Por fim, tentei acionar um vereador que eu havia ajudado na campanha, mas ele sequer retornou meus recados e e mails.
Derrotado, desisti. Até hoje o prédio não caiu, mas depois do acontecimento no Rio voltei a ficar com medo.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
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